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Política Zeca Dirceu e Dilvo Grolli

Show Rural teve encontro quase secreto entre líder conservador do agro e filho do ex-capitão lulista

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Dilvo Grolli e Zeca Dirceu: dialogar não é render-se (Fotos: Divulgação)

Zeca Dirceu, eleito deputado federal em 2018 para o 3º mandato consecutivo. Antes foi prefeito eleito e reeleito de Cruzeiro do Oeste. Antes de tudo, é filho de José Dirceu, homem que viveu clandestinamente na região de Umuarama nos anos 1970 com o nome de “Pedro Caroço” após exílio em Cuba e cirurgia plástica na face para descaracterizá-lo. Zeca é eleitor de Lula e colhe votos no MST.

Dilvo Grolli, reeleito para mais quatro anos à frente da bilionária Coopavel, ícone do agronegócio, católico conservador e praticante, contribuiu com a UDR – sigla de combate ao MST – foi conselheiro de Alessandro Meneghel na Sociedade Rural Oeste, foi determinante na eleição do ultradireitista Coronel Lee em 2018. É eleitor de Jair Bolsonaro.

Zeca Dirceu e Dilvo Grolli, portanto, são água e óleo.

Terça-feira, 15 de fevereiro: O presidente da Coopavel recebe uma ligação do associado Nestor Dalmina, ex-vereador petista da ala marxista de baixos teores, um “canhoto” moderado, de fácil interlocução e trânsito em diferentes camadas ideológicas.

– Posso levar o Zeca aí? Disse Dalmina.

Dilvo concordou. O teor da conversa não foi divulgado e muito menos a foto do encontro na sede da Coopavel, às margens da BR-277.

Afinal, de ambos os lados, são necessárias algumas cautelas. Tanto na esquerda como na direita, há os talibãs, os aloprados, gente que se fanatizou e perdeu a noção do ridículo no doloroso processo bipolar brasileiro.

 

A prosa

Certamente Grolli e Dirceu não limitaram a conversa a um cafezinho, a um palpite de quem fica e quem sai no BBB, ou a suposta ausência do mundial do Palmeiras.

A política entrou na pauta, até pela dimensão dos protagonistas. Seguramente Grolli não saiu do encontro cantando “Lula-lá, brilha uma estrela…”.

Certamente Zeca Dirceu não deixou a reunião fazendo arminha com a mão e prestando continência para o líder cooperativista.

O que as lideranças mostraram foi a possibilidade de manter algum nível de diálogo entre os opostos. Dialogar não é render-se.

 

Coesão

Os líderes mais lúcidos da política brasileira – infelizmente são poucos – perceberam que é preciso um mínimo de coesão nacional para tirar o país do atoleiro.

Antes de sermos esquerdistas ou direitistas, liberais ou conservadores, vermelhos ou verdes, palmeirenses ou corinthianos, católicos ou evangélicos, somos brasileiros.

Esse é um conceito que se perdeu em meio à histeria política que emana da escuridão estabelecida pelos senhores feudais, os palhaços macabros da política.

 

Assassino

Em entrevista à rede de televisão ABC News no dia 17 de março de 2021, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou o líder russo Vladimir Putin de “assassino” e afirmou que ele “pagará o preço” por interferir nas eleições norte-americanas.

Ninguém gosta de ser chamado de homicida. Americanos e russos se odeiam pelo menos desde a revolução comunista de 1917, que colocou os bolcheviques no poder e constituiu a União Soviética.

Sábado, 12 de fevereiro, 13h04. Toca o “telefone vermelho” do Kremlin, sede do governo russo. Putin atende. No outro lado da linha (e do planeta) está Joe Biden.

Eles conversaram até 14h06. Foram 62 minutos diálogo, possivelmente ríspido em algum momento. Ali, naquela conversa, não estava o autocrata russo acusado de envenenar seus adversários, nem o Biden das gafes memoráveis.

Ali estavam dois líderes que enxergam atrás de si milhões de compatriotas cujas vidas dependem do que será decidido nesta ligação: entendimento ou guerra, vida ou morte? A conversa foi determinante para esfriar o clima bélico entre a Rússia e a Ucrânia.

Obviamente que Putin deu ouvidos para o líder da maior potência do planeta, e não para um otário terceiro-mundista de republiqueta bananeiras, como a fake news propagou.

Guardadas todas as imensas desproporções entre as partes, Zeca e Dilvo, Putin e Biden, mostraram que isso de “olho por olho, dente por dente”, acaba por tornar todos cegos e banguelas.

E que o diálogo respeitoso e o bom senso edificam o muro intransponível entre a civilização e a barbárie.

Zeca Dirceu e Dilvo Grolli: dialogar não é render-se (Fotos: Divulgação)

 

 

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