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Elio Migliorança

Choque injusto

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Enquanto em Brasília o leite já foi derramado, porque a irresponsabilidade foi premiada com a legalização do crime contra a lei de responsabilidade fiscal, tema para análise futura, voltamos o olhar para um golpe contra a economia popular, a ser protagonizado pelo governador Beto Richa e os deputados aliados. Está em votação na Assembleia Legislativa um pacote de medidas que desmente as propostas apresentadas na campanha política, tanto do governador como dos deputados que se reelegeram e daqueles que no fim do mandato querem fazer uma média com o governo para garantir uma “boquinha” quando o mandato terminar. Que outra justificativa para a falsidade de quem prometeu uma coisa e faz outra, com um projeto que vai sacrificar ainda mais quem já recolhe impostos de primeiro mundo e recebe um retorno em serviços de um mundo que nem classificação tem.

Talvez o governador acredite que por ter sido eleito no primeiro turno com larga vantagem sobre os demais candidatos tenha sido uma carta em branco que a população lhe deu para fazer deste Estado o que bem quiser. Está enganado. Não queremos ter no Paraná uma réplica de um tal José Sarney, que se tornou dono do Maranhão. O que fizemos foi acreditar na palavra de quem acreditávamos que tinha palavra. A promessa de um “choque de gestão” pegou muito bem e todos queríamos um Estado administrado dentro dos parâmetros de eficiência, controle de gastos e respeito ao que foi prometido. Aumento de 40% no IPVA, aumento de ICMS sobre a gasolina, tributação aos aposentados, aumento do ICMS sobre produtos da cesta básica e ainda o fim do desconto de 10% para pagamento do IPVA antecipado, uma lei que foi aprovada há 30 dias e agora cancelada no projeto que está na Assembleia Legislativa é uma afronta ao bom senso. Parece uma molecagem jamais imaginada para gente que tem a responsabilidade de administrar o Estado e aprovar leis. Senhores deputados: nós paranaenses acreditamos que vocês tenham vergonha na cara, afinal são gente que saiu de nossas regiões e que não aceitarão fazer o papel de palhaços aprovando uma lei e logo em seguida cancelar seus efeitos como está sendo proposto. Também acreditamos que vocês tenham ética e amor próprio para não aceitar fazer o papel de marionetes, sendo manipulados e se expondo ao ridículo de olhar nos olhos das pessoas e ter que admitir que tudo o que prometeram na campanha era mentira e que vocês fazem o jogo do poder e não de defender a população que os elegeu. Foi o nosso voto que lhes deu o direito de sentar naquela cadeira e votar em nosso nome. Se o Estado está quebrado, a culpa não é nossa, demitam todos os comissionados desnecessários no serviço público, retirem o auxílio-moradia concedido ao Poder Judiciário para que paguem como nós pela própria moradia.

Se o Judiciário, com o salário que tem, basta consultar o portal da transparência, não consegue pagar seu aluguel, o que farão os milhões de paranaenses que vivem do salário-mínimo? Se todos somos iguais perante a lei, por que nós, cidadãos comuns, pagadores de impostos, não temos direito também ao auxílio-moradia pago pelo governo?

Se existir um mínimo de respeito pelo povo paranaense, este pacote não será aprovado.

 

* O autor é professor em Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

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