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Elio Migliorança

SAFRINHA DE SOJA: SIM OU NÃO?

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A agricultura brasileira, que avançou tanto em produtividade e tecnologia ao ponto de estar entre as melhores do mundo, está agora no olho do furacão para onde foi jogada pelo governo que não consultou os agricultores para tomar a decisão. A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), órgão ligado à Secretaria Estadual da Agricultura, através da portaria nº 193, proibiu o plantio de soja safrinha a partir da temporada 2016/2017. Já tínhamos um vazio sanitário de 15 de junho a 15 de setembro, mas parece que o governo não se sente bem se não estiver infernizando a vida de alguém. O vazio sanitário que alguns iluminados implantaram garantindo que seria a solução para a ferrugem asiática, agora vai além e simplesmente proibiram a safrinha para 2017. Alegam que os fungicidas aplicados não funcionam. Então por que ainda são vendidos, quem está ganhando com esta venda? Por que o registro dos mesmos ainda não foi cassado? E como eliminar a soja no meio do milho quando não se poderá mais aplicar secantes?

Sabemos que uma espécie de capim nos campos gerais paranaenses é hospedeiro dos esporos da ferrugem asiática, quem vai eliminar este capim? Os grãos de soja perdidos pelos caminhões ao longo das rodovias germinam e crescem à beira da estrada, quem vai eliminá-los? Os iluminados da proibição da safrinha sabem como fazer isso?

Os esporos da ferrugem podem ser transportados pelo vento em distâncias superiores a 600 quilômetros. Nossa fronteira com o Paraguai e Argentina está a menos de 60 quilômetros, como impedir que a doença atravesse as fronteiras? Ou os técnicos da Adapar e Embrapa vão proibir a safrinha também nos países vizinhos?

Alegam os autores da proibição que a ferrugem já causou muitos prejuízos. Para quem? Quem está se queixando? Aliás, a ferrugem asiática chegou aqui quando ainda não se fazia safrinha de soja. Como explicam este fenômeno, se agora a culpada é a safrinha? Onde estavam estes técnicos que não impediram seu ingresso no Brasil? Ou será que a diminuição da produção de milho mobilizou as empresas compradoras para forçar a safrinha de milho e baratear seu custo? Ou a safrinha de soja produz muitas sementes e isso incomoda as empresas produtoras de sementes?

Na terra do mensalão e do petrolão é oportuno perguntar: afinal, quem financia a Embrapa? Onde fica o direito de propriedade do agricultor em plantar o que e como quiser naquilo que é seu? E como fica o agricultor que planejou e investiu em máquinas e equipamentos adequados visando produzir na safrinha? Ou estamos tão próximos de um regime comunista onde o governo vai decidir o que podemos e o que devemos produzir?

Talvez uma boa ideia seja plantar soja sem adubo, economia de 50% no custo de produção, produção menor, diminui a oferta, aumenta o preço e nós teremos o mesmo lucro. O governo devia é agradecer ao suor dos agricultores que garantem alimentos na mesa dos brasileiros. Agora, além dos esporos da ferrugem, das lagartas, fede-fede e outros bichos que infernizam a vida do agricultor nacional, temos que conviver com mais esta praga, o governo querendo ensinar o agricultor brasileiro aquilo que ele mais sabe fazer que é produzir com qualidade e quantidade. E quando não conseguem ensinar, inventam um jeito novo para atrapalhar aquilo que estava indo muito bem.

 

* O autor é professor em Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

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