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Elio Migliorança

Desastrosa decisão

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Todos nós, mesmo sem graduação em Economia, sabemos quando nossas finanças vão bem ou quando as decisões vão bagunçar nosso futuro. Também estamos cientes que nossa situação financeira depende da situação econômica nacional. E nesta fase de transição entre um governo e outro é bom ficar atento aos acontecimentos nacionais, pois se “onde tem fumaça tem fogo”, tudo indica que a situação é preocupante. As estatísticas apontam para 11,4 milhões de desempregados no Brasil. Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes mostrou que a maior parte das estradas brasileiras está em condições ruins ou péssimas e isso afeta a todos. Nunca se falou tanto em mosquitos neste país; nos últimos meses as palavras mais ouvidas nos meios de comunicação foi Aedes aegypti, zika vírus, vírus H1N1, chikungunya, microcefalia e dengue, todos fruto do descaso e da incompetência na gestão dos recursos para controle sanitário epidemiológico, mostrando como é ineficiente o Estado brasileiro.

Nossos governos têm o vício de produzir planos, normas e leis em série, mas são péssimos em executá-los. Estamos em recessão profunda, a pior dos últimos 20 anos. O setor produtivo enfrenta uma das piores crises de abastecimento de milho, afetando o sistema produtivo na pecuária, fruto da incompetência governamental no planejamento dos estoques reguladores de produtos agrícolas, pois enquanto os países desenvolvidos possuem estoques para três anos, o do Brasil não supre a necessidade de seis meses.

O novo governo já está alertando que pode haver aumento de impostos num futuro próximo. Isso significa que é certo de haverá. O presidente Temer admite que a CPMF pode voltar e também que pode ser estabelecida idade mínima para aposentadoria, mas ninguém fala em cortar aposentadorias acima do teto constitucional e nem rever as aposentadorias concedidas a quem nunca contribuiu.  Também somos alertadores de que haverá cortes orçamentários e com isso os serviços prestados vão diminuir ou piorar a qualidade. Embora afirme apoio irrestrito à Operação Lava Jato, o presidente decidiu manter alguns ministros citados por diversos delatores, mostrando que nem sempre podemos acreditar nas suas promessas.

Foi aprovado um rombo no orçamento da União para 2016 estimado em R$ 170 bilhões, o que significa que o governo está autorizado a gastar o que não temos. Se não bastasse tudo isso que mostra o Brasil à beira do abismo, na semana que passou testemunhamos a mais desastrosa decisão do novo governo: a aprovação do aumento para o funcionalismo público extensivo ao Legislativo e Judiciário em percentuais que vão de 16% a 47%, provocando um rombo de R$ 50 bilhões até 2018. Isso é patriotismo? É assim que os parlamentares pensam no país? O sacrifício é só para o povo?

Um aumento salarial concedido aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) tem efeito cascata, pois os salários do Judiciário, Ministério Público, deputados e senadores é proporcional ao salário dos ministros do STF. Paralelo a isso estão nos dizendo que temos que pensar no Brasil, que é hora de todos darem as mãos num gesto patriótico e ajudar a salvar o país, que todos precisamos contribuir, cada um fazer sua parte. Enquanto nos pedem sacrifícios os políticos praticam outra máxima: não fale em crise, aumente seu salário.

 

Professor em Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

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