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Elio Migliorança

A AUDIÇÃO TEM UM PREÇO

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Há um ditado popular dizendo que Deus deu ouvidos, mas isso tem um preço. Em tempo de campanha política então, haja estômago para digerir tudo o que se ouve. E eu sou daqueles brasileiros inquietos que não consegue ouvir uma “barbaridade”, um atentado à ética, sem espernear, manifestar minha discordância e mostrar que não somos idiotas nem acreditamos em tudo. Já vem de muito longe o “golpe” de se jogar com a esperança do povo brasileiro. Sempre apontando a felicidade para um futuro que nunca chega. Quando eu era jovem nos falavam do Brasil do futuro. E de crise em crise continuamos a olhar para o infinito numa espera eterna. Porém, agora, a felicidade tem data marcada. Será em 2022. Pelo menos esta foi a declaração do Sr. Samuel Pinheiro Guimarães, ministro de Assuntos Estratégicos, que numa entrevista recente declarou que daqui a 12 anos o país será menos desigual e terá eliminado a miséria. Nós já devíamos ter alcançado esta meta ontem. Ou talvez o ano passado. Os recursos de que dispomos, a nossa produção, a autossuficiência em petróleo e o desenvolvimento industrial já deviam ter reduzido esta desigualdade.
O texto aqui escrito da semana passada gerou muitas manifestações e percebo que a maioria dos leitores aborda a falta de ética e a imoralidade na gestão como o maior câncer da administração pública. Os tais cartões corporativos foram a legalização da sacanagem. No Paraná sumiram na Secretaria de Educação 17 toneladas de documentos, e agora descobrimos que era para encobrir o assalto via cartões corporativos. Aliás, a corrupção e o desvio de recursos públicos deviam ser considerados crime hediondo. A corrupção mata. O dinheiro desviado é o que falta para o tratamento de saúde dos mais necessitados que acabam morrendo. A crise na saúde publica está provada no fechamento do Hospital Bom Jesus, em Toledo, e o anunciado futuro descredenciamento do Hospital Fumagali em Marechal Cândido Rondon.
Pessoalmente sempre tive grande esperança no Judiciário. Mas ali também já chegou a poluição. Porque os mais altos cargos na magistratura estadual e nacional, cujo acesso devia ser por concurso público, são de nomeação pelo governador ou presidente da República. Publicação de relatório confidencial da Corregedoria Geral da Justiça Federal nesta semana aponta o uso excessivo de veículos oficiais por desembargadores do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, mesmo nas férias, domingos e feriados ou durante o recesso da corte. Pasmem. Estes “caras” ganham R$ 24 mil mensais, e com um salário “miserável” destes vão alegar que não possuem condições de passear com seu próprio carro?
Destas autoridades eu jamais esperava ouvir isso. Que se pode exigir então daquele funcionário público que ganha R$ 1,2 mil por mês? Diante de uma vergonha destas, como exigir que ele seja honesto no seu departamento?
E o pior é que estes magistrados não são eleitos, portanto, nós nada podemos fazer senão manifestar a indignação como está acontecendo agora. Se todos os corruptos forem para o inferno, o capeta vai estar ocupadíssimo no futuro, quando esta geração começar a chegar por lá.

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