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Elio Migliorança

A FONTE DOS MALES

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Este é um momento crítico da história do Brasil. Ou fazemos algo ou as gerações futuras vão nos cobrar por termos vivido na prática o que diz o Hino Nacional: “deitados eternamente em berço esplêndido”. Seremos acusados de omissão se deixarmos acontecer um processo de “desconstrução” daquilo que levamos uma vida inteira para conquistar. Tem gosto de comida requentada a nova falcatrua envolvendo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Uma comédia que “não vale a pena ver de novo”.

A cada ano somos surpreendidos com uma nova forma de corrupção. Aí está o “xis” da questão. A corrupção se instalou de tal forma na alma brasileira, e as punições são tão raras que todos se sentem estimulados a “aproveitar” quando aparece a oportunidade. Cada um tentando levar vantagem no que lhe favorece. Assim a espiral da corrupção só aumenta. É preciso dar um basta antes que alguém aceite propina para desligar os tubos do paciente na UTI. Atitude urgente é não aceitar e nem oferecer propinas. Cobrar punição para qualquer forma de corrupção.

Na década de 60 um alerta dizia: “ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”. A saúva não é um risco nacional, ela não tem o poder destruidor para acabar com o país. Mas a corrupção sim. A corrupção mata ao roubar o dinheiro necessário para a saúde do próximo. Falou em saúde já chegamos ao segundo ponto que foi tema em todos os noticiários. O ex-presidente tem câncer. Ninguém deseja o mal de ninguém. Eu não gostei da notícia, sempre sofri junto quando alguém descobriu uma doença. Saúde é uma questão vital para todos. Garantia constitucional, a saúde no Brasil está longe do ideal. Temos recursos para garantir atendimento a todos. Mas os corruptos criminosamente desviam recursos e matam muitos por falta de assistência. Desvio de dinheiro devia ser crime inafiançável.

Tema polêmico, a questão é se o Lula devia ou não tratar-se pelo SUS? Fui pesquisar a resposta. Encontrei-a num pronunciamento feito em 03/11/2009, durante o 9º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva realizado em Olinda (PE), onde foi dito o seguinte: “Eu vivi os dois lados, eu sei o que é esperar sentado com a bunda num banco de um balcão de hospital, três ou quatro horas ou até cinco horas e às vezes depois que a gente tá lá, dizem, oh! O médico não tá, sabe, eu sei o que é isso, e sei o lado do atendimento vip que tem um presidente da República. Deste assunto eu falo de cátedra, sabe, de que ainda falta muito pra que a gente possa dar às pessoas mais humildes tratamento respeitoso que todo ser humano precisa no mundo. A saúde de qualidade, ela necessita de dinheiro e aí a sociedade como um todo tem que se autofinanciar. Veja o que o Obama tá passando nos Estados Unidos com a questão da saúde. E lá tem 50 milhões de pobres que não têm direito a nada de saúde coletiva. Ah! Se tivessem um SUS nos Estados Unidos, como seria bom para os pobres. Eu na próxima conversa que tiver com o Obama eu falo: Obama faça o SUS, custa mais barato e é de qualidade e é universal”. Pronunciamento de Luiz Inácio Lula da Silva.

Se ele fosse coerente com o que disse e se isso fosse verdade, ele devia ter ido para a fila do SUS.

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