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Elio Migliorança

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

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É a obra mais conhecida do professor de matemática inglês Charles L. Dodgson, sob o pseudônimo de Lewis Carroll, publicada em julho de 1865. O livro conta a história de uma menina, Alice, que cai numa toca de coelho que a transporta para um lugar fantástico povoado por criaturas peculiares, revelando uma lógica do absurdo, característica dos sonhos. Está repleto de alusões satíricas dirigidas tanto aos amigos como aos inimigos do autor do livro, de paródias a poemas populares infantis ingleses e também de referências linguísticas e matemáticas através de enigmas que contribuíram para a sua popularidade. Semana passada lembrei de Alice no mais recente fiasco brasileiro, chamado Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O desenrolar dos fatos nós conhecemos. Também conhecemos a construção do Enem, que veio para ser um sistema de avaliação diferente, moderno e que privilegia a análise e interpretação das questões em detrimento das decorebas e fórmulas nos antigos vestibulares. Tanto avançamos que, aos poucos, as universidades foram trocando seus vestibulares pelo Enem como porta de entrada para universidades e faculdades. Na mesma medida que avançou em qualidade e quantidade também decaiu em seriedade e organização. Quando entidades sérias e competentes eram contratadas para organizá-lo, ele estava indo muito bem, mas o “olho gordo” dos companheiros se atravessou no caminho e deu no que deu. No ano passado foi o escândalo do roubo das provas, e neste ano foi um festival de erros e incompetência.
Inacreditável que uma prova deste nível e importância, para a qual estudantes se preparam durante anos, pois é porta de entrada para o Ensino Superior, tenha apresentado erros grosseiros como os que foram divulgados. Em qualquer país mais ou menos sério, o ministro da Educação estaria no “olho da rua”. Mas aqui não. O presidente Lula estava em Moçambique, na África, onde foi inaugurar uma fábrica de medicamentos contra a Aids patrocinada pelo Brasil. Porém, como a fábrica não estava pronta, um avião da Força Aérea Brasileira foi despachado às pressas levando uma máquina emprestada para fabricar ligeiro alguns medicamentos para as fotos de inauguração, onde o presidente pudesse aparecer com algumas cartelas nas mãos. Durante o evento, ele se manifestou sobre o “imbróglio Enem”, dizendo que foi um sucesso, que até hoje tem gente que não se conforma com o Enem e querem de todas as formas acabar com ele. Mas, de qualquer forma, ele disse ter provado que é extraordinariamente bem-sucedido. Lembrei de Alice no país das maravilhas, a terra dos sonhos. Tive a impressão que ele estava sonhando, não sei de que país ele estava falando.
Depois desta, resta-nos mudar o nome do Inep para Inepto e talvez no próximo governo nomear o Tiririca como ministro da Educação.
Em 02 de setembro de 2009 escrevi neste espaço um artigo com o título Obmep mal gestada, falando dos erros e absurdos na prova da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Agora o problema está no Enem. É o começo do “apagão educacional brasileiro”.

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