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Elio Migliorança

Bilhão que incomoda

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O tema é recorrente, a raiva é antiga e também recente, o desânimo é permanente, dói no bolso da gente e a solução praticamente inexistente. Refiro-me à notícia de que o lucro da Copel em 2018 foi de R$ 1,44 bilhão. Vem de longe o desânimo e a revolta dos consumidores com a propaganda oficial dando conta de que a Copel é a melhor distribuidora de energia elétrica do Brasil, enquanto nas propriedades o consumidor vive em constante sobressalto, esperando a próxima queda de energia. Antigamente esperava-se isso em dias de tempestade. Agora as quedas acontecem sem aviso prévio. O sol está brilhando e de repente lá se foi a energia. Começa o corre-corre para acionar um gerador e antes que isso seja feito a energia volta, colocando em risco motores e painéis de controle.

Se você entra em contato com a empresa, recebe a informação que ela atende os padrões técnicos estabelecidos por lei e as interrupções estão dentro dos padrões de qualidade, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica. Até os postes que sustentam os cabos da rede sabem que as constantes quedas de energia são consequência da falta de manutenção e equipamentos sucateados. É aí que entra a revolta dos consumidores diante do astronômico lucro divulgado e da falta de investimentos que infernizam a vida dos consumidores.

Entra ano, sai ano e o preço das faturas são cada vez mais traumáticos. Não que a energia tenha que ser gratuita, mas como o Estado detém o monopólio da energia, ela precisa chegar a preços razoáveis e com qualidade. Nos últimos anos chegou e forte à região a opção de produzir nossa própria energia, uma energia limpa e ecologicamente perfeita, a energia fotovoltaica. Muitos investimentos já foram feitos, mas a burocracia e novos empecilhos colocados no caminho dos investidores deixam todos inseguros quanto ao futuro de novos projetos. Paralelo a isso tivemos outra guinada na área energética. O novo diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional declarou que a partir de agora o foco da gestão será a produção de energia. Com isso estão em xeque todos os programas desenvolvidos nos municípios da região, programas que contemplavam conservação de sangas e rios, pavimentação de estradas do interior com pedras irregulares e programas ambientais que ajudam a evitar o assoreamento do lago da usina.

O lucro da Itaipu também é bilionário e, embora o general Luna não saiba, quando da construção da usina, na década de 1980, foi prometido que a região seria compensada pelas terras inundadas e pelo impacto no microclima provocado pela formação do lago, inclusive com energia a preços diferenciados. Se o foco é a produção de energia, que explicação se dá à construção da segunda ponte sobre o Rio Paraná, bancada pela Itaipu?

Serei eu tão ignorante que não consigo entender a necessidade de uma nova ponte? Para que mais gente vá comprar do outro lado? Por que não criar uma zona franca do lado de cá da fronteira tanto em Foz do Iguaçu quanto em Guaíra para que o nosso dinheiro gere emprego, renda e desenvolvimento do lado brasileiro? 

E o dinheiro que se gastaria com a nova ponte poderia aliviar um pouco a pesada carga que hoje representa a fatura de energia. Um dia quem sabe tenhamos as respostas e possamos entender as misteriosas razões destas decisões.

 

O autor é professor em Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

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