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Elio Migliorança

Mais virtudes que pecados

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A semana foi de intensos debates e muitos palpites sobre o papel da imprensa e dos meios de comunicação social. Prós e contras foram colocados sobre a mesa; alguns bem fundamentados e outros tendenciosos ou distorcidos, provocando em muitos um olhar vesgo sobre o assunto.

Virtudes e pecados da imprensa devem ser debatidos, pois a informação é um dos pilares do equilíbrio entre os poderes constituídos.

Lembrei do distante ano de 1984, quando tive a oportunidade de transpor a “cortina de ferro”, expressão utilizada para definir a cerca de arame farpado que cercava todos os países que faziam parte da União Soviética. Na Hungria, país dominado que visitamos, o único meio de comunicação era a propaganda governamental, e se alguém era descoberto ouvindo rádio de outro país era preso e enviado para campos de concentração.

Voltemos ao Brasil e ao tema em debate. Os debates foram provocados por uma medida provisória do governo com o objetivo de dificultar a remoção de “fake news”, ou seja, notícias falsas das redes sociais. A imprensa livre é controlada através de uma legislação que pune as infrações ou crimes por ela cometidos. É através da imprensa que se promovem campanhas de conscientização, serviços de informação e de formação cultural. Através dela descobrimos quando somos tratados com dignidade ou quando somos explorados e enganados por aqueles que deveriam fazer justiça com a população que paga impostos. Foi através da imprensa, por exemplo, que descobrimos na semana passada que a Petrobras teve um lucro bilionário, ou seja, em três meses deste ano o lucro foi de R$ 42,9 bilhões. Mas nas bombas o valor do combustível só está subindo.

No último ano a gasolina aumentou 39%, o etanol 62% e o gás de cozinha foi a R$ 135 o botijão, provocando um rombo na economia nacional que é movida sobre rodas. Como o governo é o dono da Petrobras, temos o direito de saber qual é a razão de tanta exploração.

Outro setor vital para a economia é o da energia elétrica, e também fomos informados pela imprensa livre que a Copel teve um lucro bilionário. Seus dirigentes recebem valores muito além do razoável, enquanto nossa conta não para de subir, afetando diretamente o bolso de todos nós. E foi a imprensa quem divulgou que sobre o valor da “bandeira vermelha”, injusta porque é fruto da incompetência governamental em planejar com tempo o crescimento do consumo, pagamos mais 28% de ICMS, um absurdo que rende milhões aos cofres governamentais.

Enquanto o povo se ferra na crise, o governo tem lucro.

Entre tantas virtudes da imprensa que nos fornece preciosas informações, há também alguns pecados. Um deles é a manipulação política de um meio de comunicação para favorecer determinado grupo.

Outro pecado é a divulgação das operações das forças de segurança quando montam uma operação para coibir contrabandos em geral, como ocorreu em nossa região nesta semana com a operação da Marinha do Brasil. Noticiar tais operações alerta a bandidagem, que se retira e espera a operação passar para depois continuar a delinquir.

Defender uma imprensa livre é a garantia de que nossos direitos serão mais respeitados e o espaço para os delinquentes dos andares superiores dos Poderes da República ficarão cada vez menores. Esta bandeira é uma causa que vale a pena defender.

 

O autor é empresário rural, professor aposentado e ex-prefeito de Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

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