Fale com a gente

Elio Migliorança

Sem escrúpulos ou disfarces

Publicado

em

Ao iniciar este artigo, circulam informações detalhadas do ataque à maior fornecedora de petróleo do mundo, a Arábia Saudita. Por isso o mercado de ações sofreu um abalo e a iminência do aumento no preço do petróleo assusta e preocupa os brasileiros, e em maior grau os agricultores que aguardam a chuva para iniciar o plantio da próxima safra. Enquanto isso a classe política despida de qualquer resquício de vergonha, sem escrúpulos ou disfarces, prepara mais um golpe contra a economia nacional, verdadeiro assalto ao bolso das pessoas que trabalham e produzem.

Já aprovado na Câmara dos Deputados, o projeto de lei nº 11.021, que dispõe sobre a remuneração recebida por funcionário de partido político com recursos do fundo partidário e autorizando os partidos a pagarem uma série de despesas pessoais com dinheiro do fundo, consiste na oficialização do maior retrocesso em termos de integridade e transparência do processo eleitoral. Da mesma forma, tramita no Senado Federal o projeto de lei nº 5.029, o último passo para legalizar o criminoso caixa dois.

Enquanto os governadores da região amazônica se digladiam para repartir o dinheiro recuperado pela operação Lava Jato, único processo a dar um duro golpe na corrupção, muitos políticos aproveitam para supervalorizar os diálogos publicados pelo site “The Intercept Brasil” e o Congresso Nacional vai na contramão e oficializa um verdadeiro assalto ao dinheiro público.

O governo do presidente Bolsonaro, interessado numa média com os congressistas para emplacar o filho como embaixador dos Estados Unidos, já sinalizou que incluirá no orçamento do próximo ano o aumento do fundo partidário, o qual deve ultrapassar os R$ 3 bilhões. Uma vergonha, um verdadeiro deboche à situação de crise que vivemos e uma afronta a todos os brasileiros que sentem na carne a falta de recursos para saúde, segurança e educação.

Se aprovado o projeto, um político processado por crime eleitoral vai poder contratar um advogado e pagar as multas eleitorais com dinheiro público. É uma indecência total. É a absurda imoralidade institucionalizada. Cadê os novos políticos eleitos sob o mantra da “renovação política e o fim da velha política”? Foi para isso que os elegemos?

Para o bem de todos, o fundo eleitoral precisa ser extinto. E como no Brasil o Judiciário pode tudo e ninguém fiscaliza, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou na última semana a concessão de auxílio-saúde a magistrados e servidores dos tribunais de todo o país. O CNJ fixou o limite de 10% do salário mensal do magistrado ou do servidor para ressarcimento. Em nenhum país do mundo existe tal absurdo. Isso tudo sabendo o que acontece com um magistrado ou membro do Ministério Público quando são processados e considerados culpados: a pena é a aposentadoria com salário integral.

Ou o presidente Bolsonaro e os novos congressistas reagem e tomam atitudes para dar esperança de futuro melhor aos brasileiros ou teremos dias tenebrosos no horizonte do Brasil. Num país onde a fila dos desempregados tem 13 milhões de pessoas, muitas delas passando fome, esta é uma atitude criminosa e as pessoas de bem precisam fazer alguma coisa. Eu dei este passo. Todos precisam saber que estamos sendo assaltados. Faça você, leitor, a sua parte também. Pense em algo e vá em frente.

 

O autor é professor em Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

Continue Lendo

Copyright © 2017 O Presente