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Elio Migliorança

SETE DE SETEMBRO

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Estamos de folga, é feriado nacional. Seria interessante sair às ruas, indagar das pessoas, nas escolas conversar com os alunos e fazer a pergunta mais elementar: qual o motivo do feriado? O que estamos comemorando? Alguns vão acertar a resposta. Mas à resposta seguir-se-á outra pergunta: o Brasil tornou-se independente de que afinal? Independente de Portugal, cuja família real nos cobrava impostos demais? Bela resposta. E os impostos que pagamos hoje ao “Reino de Brasília”, onde um percentual considerável some nos ralos da corrupção, não nos torna escravos da fome tributária do governo? Corrupção que vem disfarçada em altos salários, além do que permite a lei, aposentadorias milionárias obtidas de forma fraudulenta, que deviam ser caracterizadas como crime de apropriação indébita, não nos tornam dependentes de um sistema podre que privilegia uma minoria sem vergonha? Corrupção disfarçada em repasses para organizações não governamentais, as famosas ONGs, muitas até que são sérias, mas outras são criadas com o fim único de desviar recursos públicos. E como a fiscalização sobre elas é pífia, ficam todos numa boa, corruptos e corruptores. Deputados que legalizam a corrupção ao absolverem colegas mesmo diante das mais evidentes provas de ações criminosas. Tudo em nome da governabilidade. Um sistema judiciário que, na maioria das vezes, chega tarde e quando tarda já falhou. Escrevo isso porque sou do tempo em que se marchava no dia 7 de setembro, alunos enfileirados, passo cadenciado ao rufar dos tambores, lá íamos nós ao encontro da bandeira que, hasteada ao som do hino nacional, tremulava no alto do mastro e nos enchia de orgulho patriótico. Discursos inflamados chamavam-nos a respeitar e amar esta terra e todos os seus valores. Herdeiros da liberdade conquistada pelos nossos heróis mostravam que o trabalhador, ao produzir alimentos, também cumpre seu dever contribuindo para que a pátria se torne gigante. Passaram os anos e vejo como se agigantaram os maus que souberam manipular a consciência das pessoas até fazê-las acreditar que se é patriota quando se aceita a corrupção e os desmandos, apenas mudando a palavra patriotismo para governabilidade. Sei que muitos pseudo-patriotas vão defender-se dizendo que sempre foi assim, ou que no passado também faziam assim e que por isso devemos aceitar o que acontece hoje. Não importa em que partido você está filiado, nem em que nível de governo você pertence, pode ser municipal, estadual ou federal. Não podemos tolerar a corrupção e a incompetência. Além de respeitar as leis e cumprir os deveres, também é patriotismo não tolerar o roubo e a manipulação das consciências, denunciar a incompetência e a má gestão dos recursos públicos. Os cargos públicos foram criados para servir a comunidade e não para servir seus ocupantes e familiares. Mas é bom estar preparado, pois se começarmos a usar o dia da pátria para fazer cobranças, logo virá um político qualquer e vai sugerir que o feriado seja extinto em nome da economia e do prejuízo causado ao país pelo que se deixa de produzir. Faço aqui o que Rui Barbosa sugeriu: “maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado”.

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