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Elio Migliorança

UMA VIAGEM E MUITAS DESCOBERTAS

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Estou chegando de uma viagem pela região amazônica e trago conclusões geradas a partir de observações, noticiários e informações da população local. Atravessamos regiões agrícolas altamente produtivas, cidades exuberantes com sólidos parques industriais e um comércio que se profissionalizou gerando emprego e renda. Isso mostra de onde saem os bilhões arrecadados em impostos e que fazem a festa dos malfeitores instalados em muitos gabinetes da República, os quais, associados a empresários sem escrúpulos, assaltam a “mãe pátria”, roubando-lhes o recurso com o qual ela alimentaria seus filhos.
Descobri que a corrupção está espalhada por todo o território nacional, pois as denúncias que frequentam a imprensa aqui, também estão presentes do lado de lá. É um câncer a ser combatido a ferro e fogo, uma questão de segurança nacional. Chegamos lá no dia em que o Tribunal de Justiça do Amazonas, em cumprimento à resolução nº 102 do Conselho Nacional de Justiça, divulgava os salários de seus integrantes. Segundo a Constituição, nenhum servidor público pode receber acima do teto salarial que é de R$ 26.000,00. O que se viu lá é que todos os 158 magistrados recebem acima deste teto, alguns inclusive com salários superiores a R$ 100.000,00 mensais. Se os magistrados não respeitam a Constituição, o que podemos esperar dos demais?
Um erro puxa o outro e assim as malfeitorias vão se institucionalizando e construindo uma sociedade de desiguais. Outra descoberta foi que o trânsito, lá como cá, mata todo dia, e mata muito. Durante os 11 dias de nossa viagem, morreram mais de 2.200 pessoas em acidentes rodoviários no Brasil. Em acidentes aéreos, nenhum. Interessante é que todos sentem aquele medo ao entrar num avião. Ninguém fica assustado ou se preocupa quando entra num carro. Voar é muito tranquilo porque lá em cima não tem cruzamento, lombada ou semáforo, não esquecendo que em caso de problema mecânico a oficina é aqui embaixo. Comparar a semelhança entre viajar de avião e de carro é interessante. Os aviões são revisados periodicamente e quando o piloto suspeitar de uma falha mecânica não sai do chão antes que ela seja solucionada. Os motoristas, via de regra, não agem assim, embora não cheguem a 5% os acidentes causados por falha mecânica nos veículos. No carro, via de regra, a única peça defeituosa é aquela que está atrás do volante. Nenhum piloto arrisca-se a desobedecer à ordem da Torre de Controle. Altitude, velocidade e rota são rigorosamente cumpridas pelos pilotos. Decolar ou aterrissar só com autorização. Já os motoristas ultrapassam onde é proibido, desrespeitam o limite de velocidade, andam colados no carro que está na frente, bebem antes de dirigir e ainda conseguem falar com alguém ao celular enquanto dirigem.
As regras e a sinalização de trânsito foram criadas para dar segurança a quem anda nas estradas. Quando o acidente é provocado pela não observância das regras de trânsito, ele devia ser classificado como assassinato e não como acidente. Concluí que se os pilotos dirigissem os aviões como muitos motoristas fazem com seus carros, não sobraria um avião no ar.

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