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Dom João Carlos Seneme

O meu espírito exulta em Deus, meu salvador

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Na Solenidade da Assunção de Nossa Senhora a Igreja celebra a glorificação em corpo e alma de Maria elevada ao céu. O privilégio que é dado à Maria com a Assunção ao céu revela que Deus quer antecipar o que acontecerá com todos aqueles que creem em Jesus Cristo e o seguem de perto, procurando realizar aqui e agora o Reino de Deus. Maria elevada ao céu representa a imagem e início da Igreja que caminha peregrina rumo ao céu.

O Evangelho deste domingo (21) é o episódio da visitação de Maria a Isabel que se conclui com o sublime cântico do Magnificat (Lc 1,39-56). Este cântico revela um novo modo de olhar para Deus e um novo modo de olhar para o mundo. Deus é visto como Senhor, onipotente, santo e, ao mesmo tempo, como “meu Salvador. Ao lado de sua transcendência, revela-se sua ternura e cuidado por suas criaturas. Coloca-se em evidência a triste divisão do mundo entre poderosos e humildes, ricos e pobres, saciados e famintos. Porém, é anunciado que Deus, através de Cristo, vai inverter as posições: “derrubou os poderosos de seus tronos”. O cântico de Maria é uma antecipação do Evangelho: “Bem-aventurados os pobres, os humildes, os famintos (…)”.

No Magnificat, Maria também fala de si mesma, de sua glorificação entre todas as gerações futuras:

“Ele olhou para a humildade de sua serva. De agora em diante todas as gerações me chamarão de bendita. O Poderoso fez em mim maravilhas”.

Podemos comprovar isto através de todos os tempos: Maria é a mais amada e invocada, na alegria, nos dores e nos prantos. O seu nome é pronunciado pelos lábios de todos. Depois de Jesus, é ela que recebe mais orações, cânticos e dedicação de igrejas.

Maria é uma mulher de fé. A primeira seguidora de Jesus. Ela soube meditar em seu coração os fatos e as palavras de seu Filho. É a mãe fiel que permanece junto de seu Filho, perseguido, condenado e executado na cruz. Reunida no cenáculo com os discípulos, ela é testemunha de Cristo ressuscitado: acolhe o Espírito Santo que acompanhará sempre a Igreja de Jesus.

Nesta festa tomamos consciência que Cristo ressuscitou e que também Maria foi elevada aos céus pela misericórdia de Deus. Ela soube como ninguém acolher a salvação que lhe foi oferecida pelo próprio Filho e alcançou a vida eterna. Sofreu junto da cruz a injustiça e a dor de perder seu Filho, partilhou conosco a possibilidade de todos serem salvos e viverem a vida em plenitude se acreditarem que Cristo é o caminho, a verdade e a vida. Ela nos convida a caminhar na vida com esperança.

Por isso neste dia a Igreja do Brasil celebra a vocação de todos os religiosos e religiosas. Mulheres e homens que colocam o Ressuscitado no centro de suas vidas de modo a segui-lo de perto no amor a Deus e aos pobres. Hoje, mais do que nunca, é uma vocação necessária para o mundo porque elas e eles sinalizam que existe este modo todo especial de viver uma vida de alegria seguindo os conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência. Em um mundo tão marcado pelo hedonismo, egoísmo, individualismo vemos estes exemplos de vida e de doação.

Por Dom João Carlos Seneme. Ele é bispo da Diocese de Toledo

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