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Dom João Carlos Seneme

Quem dizeis que eu sou? O Cristo, o Filho do Deus Vivo

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Neste domingo (27), o evangelho nos ajuda a acompanhar os discípulos na dinâmica do conhecimento profundo de Jesus e a sua missão: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,13-19). Pergunta difícil, porém essencial para os discípulos de Jesus e para todos os discípulos de hoje. É essencial que os cristãos conheçam de perto quem eles estão seguindo.

Do seguimento nasce a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada ao redor de Pedro, “pedra sobre a qual construirei a minha Igreja”. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves, isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e encaminhar todos os que aceitam Jesus como mestre e guia no caminho da salvação.

A cena do Evangelho se situa perto de Cesárea de Filipe (mais ou menos 40 km distante de Cafarnaum). Uma área desafiadora e pagã, onde os habitantes não aceitam o Deus de Israel. É ali que os discípulos, longe de suas casas e do contexto de suas vidas, os discípulos precisam responder se querem ou não ser introduzidos na dinâmica da fé em Cristo como Filho de Deus. Eles precisam aprofundar a primeira resposta que deram a Jesus quando foram chamados para segui-lo e se tornar pescadores de homens.

A fé necessidade de amadurecimento e confrontos. A fé é a resposta racional e livre à palavra do Deus vivo. As perguntas que Cristo faz, as respostas que são dadas pelos Apóstolos e finalmente por Simão Pedro, constituem uma espécie de exame da maturidade da fé daqueles que vivem mais perto de Cristo.

É a confissão de fé da comunidade que acredita que Jesus é o Salvador. Esta clareza vem da graça, dom de Deus, que exige capacidade de ver e reconhecer o Senhor e a humildade de identificá-lo: “Sou eu, não tenhais medo”. “E o reconheceram ao partir o pão”. Pedro não entendeu tudo no princípio. Mesmo sendo um homem de pouca fé, Jesus confia nele e confirma a sua Igreja que nasce da fé de Pedro. Porém a Igreja é, e permanece, a Igreja de Cristo, porque é Jesus Cristo a verdadeira rocha que fundamenta a vida da comunidade e ninguém poderá substituir a pedra angular.

Pedro é pedra porque está ligado a Cristo e somente Ele pode salvar a humanidade. A comunidade messiânica (= A Igreja) participa, deste modo, do mistério de Deus, guardando e protegendo, em suas mãos frágeis, o tesouro divino. A comunidade dos discípulos é uma comunidade organizada e estruturada, onde existem pessoas que presidem e que desempenham o serviço da autoridade. Essa autoridade não é, no entanto, absoluta; mas é uma autoridade que deve, constantemente, ser amor e serviço.

Sobretudo, é uma autoridade que deve procurar discernir, em cada momento, a vontade de Deus manifestada em Jesus Cristo e a interpelação que Ele lança aos discípulos e a todas as pessoas. Neste domingo celebramos o Dia do Catequista. Neste ano, essa comemoração tem um significado especial: Ano Vocacional, 40 anos do documento Catequese Renovada. Rezo especialmente por todos os nossos catequistas para que permaneçam firmes na tarefa de colaborar para que a sua comunidade persevere no ensinamento dos apóstolos (At 2,42).

Que nenhum medo, incerteza ou cansaço seja maior do que a garantia da presença d’Aquele que os chamou para esta nobre missão. Ser catequista é graça, é dom!

Por Dom João Carlos Seneme. Ele é bispo da Diocese de Toledo

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