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Dom João Carlos Seneme

Senhor, salva-me!

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Neste domingo (13) Jesus, depois da multiplicação dos pães, está novamente com seus discípulos no mar da Galileia (ou lago de Genesaré) e ordena que eles sigam adiante até a outra margem sozinhos porque quer ficar sozinho e rezar. Em muitas situações vemos Jesus se distanciar de todos para ter um momento de solidão para entrar em contato com o Pai para sustentar a sua missão.

Enquanto isso, os discípulos se debatem diante de uma tempestade e se assustam. Naquele tempo os pescadores acreditavam que o mar e a tempestade eram símbolo da força do mal e da morte. Então, Jesus lhes aparece andando sobre as ondas e infunde paz e confiança com sua presença, com sua palavra, com o contato de sua mão. Controlar a natureza era uma atribuição divina.

Chama a atenção a reação de Pedro que quer caminhar sobre as águas como Jesus. Porém, ele coloca à prova a palavra de Jesus que já havia se revelado como Filho de Deus.

A fé de Pedro busca apoiar-se no milagre e não na palavra de Jesus. Sua fé revela-se imperfeita porque não confia totalmente em Jesus e não se entrega completamente a sua palavra, ainda precisa de mais provas. “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” Diante da violência das ondas Pedro duvidou. Ele quer caminhar sobre as águas. Quando Jesus o convida “vem”, ele percebe que precisa sair de si mesmo, deixar de lado seus medos. É um convite para confiar totalmente no Outro, em Deus. Daí vem o medo e Pedro percebe que não possui fé suficiente para arriscar tudo e se entregar totalmente a Jesus.

Jesus repreende Pedro: “Homem de pouca fé, por que duvidaste”? A repreensão de Jesus serve para todos nós. Como o profeta Elias, Pedro é incapaz de ir além de si mesmo. Ter fé significa aceitar romper as próprias certezas sustentadas pelo fechamento e medo para dar lugar a uma previsão que não nos pertence. O único grito possível é o de Pedro: “Senhor, salva-me”! Ele recorre a Jesus convencido que ele é o Salvador.

Esta narração revela a situação da Igreja de todos os tempos que é representada pelo barco de Pedro. As dificuldades, perseguições, desalentos são representados pelo mar revolto, ondas fortes que causam medo, assustam. A presença de Jesus acalma a tempestade e acalma o coração dos discípulos. Ele garante que estará sempre perto. É preciso invocá-lo e ele vem socorrer a sua Igreja. Afinal somos discípulos de um Deus vivo! O desfecho do Evangelho revela aos discípulos e à Igreja como reagir diante das dificuldades: permanecer na barca e proclamar juntos a fé que salva. “Tu és verdadeiramente o Filho de Deus”.

Neste domingo celebramos o Dia dos Pais e enfatizamos o valor da vocação ao Matrimônio e o valor da família na missão de revelar a face de Jesus e o projeto de Deus. O Matrimônio é o chamado de Deus onde ocorre a união legal e espiritual do homem e da mulher a fim de constituírem uma só carne. A vida matrimonial se torna uma missão, uma vocação. É o chamado a constituir família, santuário da vida, Igreja doméstica e berço de todas as vocações.

Neste domingo iniciamos a Semana Nacional da Família. O tema central deste ano é “Família, fonte de vocações” e o lema é “Corações ardentes, pés a caminho” (Lc 24,32-33) em sintonia com o Ano Vocacional. É no contexto familiar que descobrimos quem nós somos.

Por Dom João Carlos Seneme. Ele é bispo da Diocese de Toledo

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