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Liminar assustou o dinheiro?

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Um único consórcio disputou o lote mais oneroso do novo “anel de integração” e venceu com desconto sobre a tarifa de 0,08% ; insegurança jurídica pesou, disse secretário

Ratinho e o ministro do governo Lula, Renan Filho, comemoram leilão do lote mais
oneroso: quase R$ 11 bi de investimento e susto na Justiça

O lote mais oneroso do ambicioso programa de concessões de rodovias do governo Ratinho Junior deu um susto nos frequentadores dos andares superiores do Palácio Iguaçu.

Já se sabia que ao exigir quase R$ 11 bilhões de investimentos concentrados nos primeiros sete anos de concessão, o lote poderia amedrontar CNPJs e exigir consórcios muito sólidos. Para piorar, ativistas contrários ao programa obtiveram na Justiça uma liminar que suspendia o leilão do lote 1, já realizado, e tido como consolidado.

A liminar foi derrubada poucas horas antes do prazo final para inscrição dos interessados no lote 2. Mas o estrago já estava feito. Concessões de rodovias no Paraná são historicamente judicializadas. Este é um componente a afastar investidores que recebem ofertas de grandes negócios no mundo inteiro, incluindo países em que a segurança jurídica é regra de ouro.

“A liminar concedida prejudicou a competição, gerou insegurança jurídica, pois o lote 2 exige pesados investimentos. Ninguém entra nisso sem ter segurança. Sem dúvida que afetou a competição, até uma semana antes estava judicializado”, disse o secretário Sandro Alex (Infraestrutura e Logística).

Como o dinheiro é arisco e não aceita desaforo, é possivel que interessados reviram os rumos, e desistiram do certame. Assim apenas um consórcio se inscreveu e levou o leilão com apenas 0,08% de desconto sobre as tarifas fixadas no edital.

Ainda assim o Palácio Iguaçu comemorou a concessão. “Trata-se do lote que exige o maior investimento, mesmo com menos disputa, as tarifas já largavam com 56% de desconto. Para citar um efeito disso, tinhamos neste lote uma das praças de pedágio mais caras do Brasil, em Jacarezinho, que a partir do novo contrato vai cobrar menos de a metade”, disse o governador Ratinho Junior.

Ele enfatizou ainda a obra mais cara do lote e que irá prover de pistas triplas a subida e a descida para a região portuária e litoral do Paraná via BR 277 na Serra do Mar.

A região de Cascavel está no lote 6, também recheado de obras concentradas nos primeiros anos de concessão, entre elas uma bandeira institucional de décadas: a conclusão da duplicação entre a Capital do Oeste e Foz do Iguaçu. O leilão deste trecho é coisa para 2024, obras mesmo, possivelmente somente em 2025.

Presidente eleito da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson José Vasconcelos não vê insegurança jurídica na modelagem em que pleitos de lideranças oestinas foram acatados, como certame sem outorga e sem degrau tarifário. Ele vê eventual reticência de investidores em outro quesito. “As concessionárias agora têm outro perfil. Não são mais empreiteiras a disputar concessões, e sim fundos de investimento. Essas operações são sensíveis a fatores como taxa de retorno e taxa Selic”, avalia o líder industrial.

OS VENCEDORES

O Consórcio Infraestrutura PR, único concorrente, formado pelas empresas EPR 2 Participações e Perfin Voyager Fundo de Investimento e que já administra concessões rodoviárias em Minas Gerais, foi o vencedor do Lote 2 do novo pedágio do Paraná. O leilão aconteceu no último dia 29 de setembro, na Bolsa de Valores de São Paulo.

O QUE PREVÊ LOTE 2

O lote 2 tem extensão total de 605 quilômetros e receberá investimentos de R$ 10,8 bilhões. Obras de duplicação de 350 quilômetros de estradas, 138 quilômetros de faixas adicionais, 73 quilômetros de vias marginais e 72 quilômetros de ciclovias.

Serão ainda 107 novos viadutos, 52 passarelas, 35 pontos de correção de traçado e oito passa-faunas. O lote engloba as rodovias federais BR-153, BR-277 e BR-369 e estaduais PR-092, PR-151, PR-239, PR-407, PR-408, PR-411, PR-508, PR-804 e PR855. A concessão abrange as regiões de Curitiba, Litoral, Campos Gerais e Norte Pioneiro e serve também ao escoamento da produção do Oeste do Paraná, já que se conecta pela BR 277 até o Porto de Paranaguá.

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Totós voadores

E se um dia a inteligência artificial permitisse que o Pitoco em forma de aviãozinho de papel entrasse voando pela janela do leitor?

Na edição de agosto de 2012, a menina Maria Eduarda brincava com o navio de papel do Pitoco na fonte dos mosaicos: papel aceita tudo

Meu perfil pessoal, marcado pelo mais absoluto ceticismo, passa longe do místico, do superticioso. Mas um sonho recente me intrigou. Era algo mais que um sonho, talvez um delírio.

Sonhei que a inteligência artificial havia chegado a tal ponto, que permitia fazer totós voarem…

Explico: produziu-se um micro-ship, semicondutor fabricado em Taiwan tão minúsculo, que cabia no pingo da letra “i” no cabeçalho do Pitoco.

Ali instalado, no “pingo do i”, a engenhoca da inteligência artificial, mediante a inserção de uma senha no meu celular, seria capaz de transformar cada exemplar do jornal em um aviãozinho de papel, destes, que outras gerações de crianças faziam com folha de papel sulfite.

Sim, faz lembrar cenas de filmes de ficção científica como o “Transformers”. Jornais transformados em pequenos aviões de papel! Segundos depois, milhares de pitocos em forma de aviõezinhos partiriam da redação, no centro de Cascavel, diretamente para a residência dos assinantes.

E pousariam nas mãos do leitor – caso encontrassem janela ou porta aberta – ou, alternativamente, aterrisariam na caixa de Correios. Seriam os pitocos voadores, primeiros totós do planeta providos de asas. Que sonho amalucado. Logo eu, que supostamente sou o último influencer analógico de Cascavel, vendo cachorro voar pela magia da inteligência artificial. Claro, sonhos permitem licenças poéticas.

Consultado a respeito, o mascote do Pitoco saiu-se com esta: “Se não for para me fazer voar bem alto… nem tire minhas patas do chão!”

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

pitoco@pitoco.com.br

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