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Moro não vai ao Marreco Recheado

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Mercado político viu penas na água e já se mobiliza para disputar eventual cadeira vazia no Senado; Moro estará em Cascavel nesta sexta-feira (7), mas não confirma presença no evento do Clube Alemão

A convite da Acic, Caciopar e Codesc, o senador Sergio Moro estará em Cascavel nesta sexta-feira (7). Entre as perguntas pertinentes e prováveis a serem direcionadas ao convidado, certamente estará a avançada tentativa de lhe subtrair o mandato, a exemplo do ocorrido com outro lava-jatista destacado, Deltan Dallagnol.

O “mercado político” viu sangue (e penas) na água e já começa a se movimentar no entorno de uma eventual nova disputa para suprir a provável cadeira paranaense vazia no Senado.

Diferente do episódio que “degolou” Deltan, caso Moro seja cassado, haverá nova eleição, já que o mandato no Senado tem caráter majoritário. O virtual novo pleito deve coincidir com as eleições municipais de 2024.

Por aqui já se movimentam, entre outros políticos, o chefão do Centrão no Paraná, Ricardo Barros (PP), Gleisi Hoffmann (PT) e o autor da ação que pretende subtrair o mandato de Moro, o bolsonarista Paulo Martins (PL).

Escaldado com tanta fritura, Sergio Moro não deverá aceitar o convite para permanecer na cidade até sábado (8) e participar do tradicional Marreco Recheado promovido pela Sociedade Cultural Germânica de Cascavel – Clube Alemão.

A propósito, com apoio do Rotary, o Marreco Recheado vendeu quase a totalidade de ingressos disponibilizados e poderá render até R$ 50 mil para cada entidade beneficiada, quais sejam, Uopeccan e Apae.

Moro venceu em Cascavel: 57 mil votos

Caso Sergio Moro tenha o mandato subtraído pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 57,1 mil cascavelenses terão seus votos invalidados. Esta foi a votação do ex-juiz aqui, perfazendo 34% dos sufrágios. Bem pertinho dele, com 33% veio Martins (54,7 mil) e depois Alvaro Dias (apoiado aqui por Paranhos), com 31,7 mil votos em Cascavel.

Na disputa majoritária ao Senado aqui tem um recado sutil para eleição à Prefeitura de Cascavel do próximo ano. O eleitor pode até morrer de amores pelo prefeito, mas a transferência de votos para o indicado dele não é automática e nem garantida.

Ato em que Paranhos formalizou apoio a Alvaro Dias, em Cascavel, no ano passado. No detalhe, o même inspirado no apelido que adversários colaram em Moro: resultado da eleição majoritária para o Senado aqui envia recados para os postulantes à Prefeitura de Cascavel em 2024

Uma janela para Alvaro?

Decano tem usado com recorrência em suas últimas manifestações as palavras “traição” e “deslealdade”

Uma eventual cadeira vazia na bancada paranaense do Senado Federal pode trazer o decano Alvaro Dias de volta? Dias melhores virão para o longevo político?

O Pitoco pinçou as últimas manifestações públicas do ex-governador no Twitter para tentar traduzir o que passa pela cabeça deste senhor de 78 anos – que, se eleito fosse para mais um mandato, concluiria sua missão aos 85.

E uma palavra recorrente identificada nos tuítes de Dias é “ingratidão”. Postou ele na última terça-feira (4): “A deslealdade não conhece gratidão, limites ou valores. Rege-se pela conveniência, finge bondade, tem aparência de dignidade e se diz justa”.

No dia 26 de junho, Alvaro já tinha postado algo semelhante. “As três cobras mais perigosas do mundo: inveja, ingratidão e traição. Elas se escondem em qualquer lugar, até mesmo em abraços e sorrisos”, postou o ex.

Traduzindo: o nome de Alvaro Dias, sim, é citado entre aqueles que podem disputar a cadeira de Moro, caso o ex-juiz seja catapultado pela “operação caça lava-jatistas” em curso em Brasília. Mas de momento, o decano ainda lambe as feridas da derrota de 2022.
E quando fala em traição, pode estar se referindo ao próprio Moro, já que ele, Alvaro, trouxe o ex-juiz para o partido e foi entusiasta da candidatura dele para a Presidência da República. Ou, alternativamente, Alvaro pode estar se queixando do eleitorado paranaense, que legou-lhe um humilhante terceiro lugar na disputa ao Senado, atrás de um político de poucos feitos, que era menos conhecido por aqui que seu homônimo apresentador da TV Tarobá.

Em tempo: vale ainda registrar uma última frase extraída do Twitter do Alvaro: “Que meus medos tenham medo da minha coragem”.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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