Fale com a gente

Pitoco

O que houve com o Sicoob?

Publicado

em

Destituição da diretoria gerou onda de boatos; o bilionário Fundo Garantidor do Cooperativismo blinda operações e reduz a zero risco de cooperados

Editado em 16 de outubro

Entrou madrugada adentro a assembleia geral extraordinária convocada pelos conselheiros do Sicoob Credicapital e que resultou na destituição da diretoria eleita para o exercício 2021/2024.

Era quase 2h30 da madrugada de terça-feira quando saiu o resultado da votação para destituição do presidente Guido Bresolin Junior e sua diretoria. A decisão dividiu quase ao meio os delegados presentes: 34 x 25 pelo afastamento.

Pesou a favor de Bresolin um fato até aqui incontestável: não houve dolo, má fé ou desvio de recursos. Porém o problema de gestão, com a ampliação da rede de agências para São Paulo e Rio Grande do Sul, descompensou a balança a desfavor da diretoria deposta.

O prejuízo auferido com agências deficitárias no Sudeste e extremo Sul chegou próximo de R$ 65 milhões, segundo um líder empresarial consultado pelo Pitoco na noite da última terça-feira.

Como o número é grande e a nota emitida pelo Sicoob no dia da deposição veio genérica, uma onda de especulações – algumas delas notoriamente irresponsáveis e alarmistas – passou a circular na velocidade do zap-zap.

A pergunta central é: a ocorrência põe em risco os recursos aplicados pelos associados na instituição? A resposta tem três letras em um acento til: não. O sistema financeiro brasileiro foi blindado após sofrer duras conturbações em décadas anteriores.

Cooperativas como o Sicoob, a maior do Brasil em número de agências, são cobertas por um fundo específico. No caso em tela o Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop), criado em 2014 para contribuir com a solidez e confiança do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, tornando-se parte de uma ampla rede de proteção ao Sistema Financeiro Nacional.

O FGCoop foi criado para proteger pessoas que confiam suas economias às cooperativas de crédito e aos bancos cooperativos associados ao Fundo.

Vamos a musculatura da central maringaense da cooperativa: 731 mil cooperados em 291 municípios. R$ 17 bilhões de ativos e R$ 13 bilhões de recursos administrados. A Central agiu rápido para evitar contágios e na prática já havia colocado Cascavel sob intervenção.

Os R$ 65 milhões negativos no balanço daqui viram pó perto do fundo bilionário que a Central dispõe para casos assim. Maringá já dá como certo que o Sicoob Credicapital irá sim visitar o fundo, mas irá fechar o balanço 2023 no azul.

A confiança na instituição nascida em Cascavel dentro da Acic, somada as garantias mencionadas, fez as principais entidades da cidade reafirmar parcerias com o Sicoob Credicapital.

“Consultei conselheiros fiscais em comum que temos com o Sicoob e recebemos e analisamos detalhadamente informações absolutamente confiáveis para manter e até ampliar nossos recursos na cooperativa”, disse o presidente da Acic, Siro Canabarro.
Outras entidades como o Sinduscon/Oeste e Sindicato Rural reafirmaram a confiança na nova gestão do Sicoob.

Nova diretoria

Nota emitida pelo Sicoob Credicapital sob nova direção anuncia a designação de parte dos ativos (agências) em São Paulo e Porto Alegre para outras centrais. E anuncia a nova diretoria.

Para o posto de Bresolin foi eleito o ex-banestadense com longa carreira no mercado financeiro, João Irani Flores. O vice-presidente do Conselho de Administração é Pedro Pegoraro, rara unanimidade entre as lideranças empresariais de Cascavel.

A diretoria executiva ficou com Mauro Costa (diretor presidente), Eliane Metzner (diretora de mercado) e Jaques dos Santos (Administrativo/financeiro).

“A nova diretoria seguirá juntos ao quadro atual de conselheiros de administração com as diretrizes do planejamento estratégico, e assim, dando continuidade ao plano traçado até 2025, mantendo a cooperativa sólida, sustentável e perene”, finaliza a nota emitida pelo Sicoob Credicapital.

Sede Sicoob Unicoob em Maringá: a central com seus bilhões agiu rápido em Cascavel para garantir a solidez do sistema

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

pitoco@pitoco.com.br

Copyright © 2017 O Presente