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Pitoco Planalto em transição

Quem terá o mando?

Definição do mando político federal no Paraná vai determinar preenchimento de alguns dos cargos mais ambicionados do país, como as diretorias de Itaipu

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(Foto: Divulgação)

O governador Ratinho Junior e o líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros, são os detentores do mando político federal no Paraná, pelo menos até o último dia de dezembro. E ambos souberam usar o poder que exercem sobre as esferas federais no Estado, notadamente na “joia da coroa”, Itaipu. Ali estão os cargos mais almejados e também um orçamento capaz de transformar a hidrelétrica em uma espécie de sucursal endinheirada do Ministério da Infraestrutura.

Barros usou a influência para preencher cargos, incluindo sua esposa, nomeada para a apetitosa função de conselheira da binacional, função que exige uma reunião a cada dois meses e paga R$ 54 mil por cada uma delas.

Já o governador não usou seu trânsito no Palácio do Planalto para nomear diretores – cargos que acabaram designados para uma base sólida bolsonarista, os militares – mas negociou verbas de Itaipu para obras em várias regiões do Paraná.

E agora, no governo Lula, quem manda na fronteira?

É fácil responder.

Os veteranos federais Zeca Dirceu e Enio Verri (reeleitos) e o neo-petista Roberto Requião terão influência. Mas especificamente em Itaipu, a palavra final estará com Gleisi Hoffmann e Jorge Samek, ele ex-diretor-geral da hidrelétrica e ela presidente nacional do PT, mais empoderada que nunca.

CÁLCULO POLÍTICO

Ratinho Junior de fato se aplicou na reeleição de Bolsonaro. Foi por afinidades com o presidente, mas também por cálculo político futuro.

O pai do governador pretende fazer o filho presidente da República. E o calendário, para tal, passava pela reeleição do 22 neste ano, por uma razão óbvia: Bolsonaro não poderia se candidatar em 2026.

Nem lá, nem cá

Por iniciativa da família Gurgacz, a filha Jaqueline contratou a produção de um livro biográfico do pai, Assis. Incipiente, a obra não tem título ainda.

Sobre a eleição presidencial, Gurgacz foi econômico nas palavras. Disse que é amigo de Lula, mas não se envolveu “pra um lado nem para outro”.

Evasão em alta

Mais de 1,3 mil crianças abandonaram as escolas em Cascavel este ano; na outra ponta, 5 mil baixinhos aguardam vaga na fila dos CMEIs

Quem lembra dos tempos de escola sabe que quando o sinal toca, é hora de voltar para sala de aula, mas em Cascavel o soar da sirene não trouxe os alunos de volta à sala. Após dois anos de ensino a distância com as aulas remotas, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) vem enfrentando um novo desafio: a evasão escolar, quando o aluno está matriculado, mas não comparece às aulas.

E os números já são de assustar. Só em 2022 já foram 1.317 denúncias de casos de evasão, um número que se aproxima rapidamente dos históricos 2.219 casos registrados em 2020, no auge da pandemia.

Mas por que depois de tanto tempo longe das salas de aula a criançada não voltou à rotina normal?

De acordo com a secretária de Educação, Márcia Baldini, os motivos são diversos e vão desde casos de mudanças de endereço da família até negligência dos pais ou responsáveis.

Para os desavisados, impedir que os pequenos tenham acesso à educação é crime e está previsto no Código Penal Brasileiro como “abandono intelectual” e nos casos mais graves pode resultar na perda de guarda da criança, além de detenção e multa.

Márcia lembra ainda que é obrigatório que crianças entre quatro e 11 anos frequentem a escola e ressalta que a população deve denunciar os casos faltosos. Na tentativa de reduzir os índices de evasão, o município acionou o Programa de Prevenção e Combate à Evasão Escolar, que realiza a busca ativa dessas crianças, além de notificar e multar os responsáveis nos casos de evasão.

Na outra ponta há quem ainda se importe. Então, para os pais mais dedicados um alerta: a desistência das vagas faz rodar a fila de espera nas escolas e nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), que já ultrapassa cinco mil inscritos; assim, é preciso manter o telefone cadastrado na Semed atualizado.

FOME DE ESCOLA

O ex-coordenador do programa de combate à evasão escolar, Vanderlei Augusto da Silva, diz que, ao contrário que se possa imaginar, o problema é menor nas áreas socialmente mais vulneráveis, como nas franjas da região Norte. E maior nas regiões menos vulneráveis, como Oeste, Sul e bairros do centro estendido.

Uma explicação possível não se restringe à contrapartida obrigatória de programas sociais, como o Auxílio Brasil. A explicação é mais infame: nas franjas empobrecidas da cidade, a escola é a única fonte de alimentação de qualidade para muitas crianças.

Secretária Márcia Baldini: negligência de pais ou responsáveis pode ser punida (Foto: Divulgação)

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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