Fale com a gente

Silvana Nardello Nasihgil

A vida nos dá possibilidades, mas as escolhas são nossas

Publicado

em

Enquanto esperamos os outros nos fazer feliz, ficamos presos nessa espera e deixamos de tomar atitudes, fazer mudanças e viver.

A nossa felicidade é uma construção individual, baseada nas nossas escolhas e nos nossos projetos de vida.

Não dá para ficarmos presos esperando que os outros ajam de acordo com as nossas expectativas. Precisamos lembrar que os outros, assim como nós, têm suas próprias expectativas.

Quando falamos de expectativas, elas deveriam estar ligadas ao nosso projeto de vida e nunca às atitudes de outras pessoas. Nesse contexto, não podemos esquecer que cada pessoa é única assim como a história de vida que a construiu.

Muitas coisas que para nós parecem estranhas ou até inaceitáveis, para outras pessoas são situações simples e sem importância. Essa compreensão e respeito pelo “mundo” do outro é o que nos coloca diante da realidade.

Alinhar as diferenças está no respeito e tolerância, no diálogo e no desejo de fazer dar certo, e isso vale para qualquer tipo de relação.

Enquanto cada um ficar agindo de acordo com o que bem entender, não se estendendo para as necessidades do outro, existem poucas possibilidades de que se estabeleça um equilíbrio nas relações.

Muitas vezes teimamos em esperar do outro atitudes e palavras que estão no nosso imaginário, que fazem parte das nossas necessidades individuais e das nossas carências. Uma vez não satisfeitos, nos damos ao direito de nos sentirmos magoados, tristes e enraivecidos. E lá vem a tão usada frase: eu não esperava que fulano/fulana fosse capaz de fazer isso comigo. Quem nunca se sentiu pequeno, sem importância, desconsiderado e não usou essa frase?

Pois bem, o outro fez e sem dúvida pode fazer novamente, porque o outro é uma outra pessoa, que age de acordo com aquilo que lhe toca intimamente, e pra ele está tudo bem.

Diante de situações como essas, a frustração não é o caminho; mágoas e ressentimentos muito menos. Isso só nos levará a uma desconstrução ainda maior da situação e do nosso eu.

Se faz necessário uma atitude positiva, buscar no diálogo a compreensão da atitude do outro, permitindo que fale de si e das razões que levaram a tal desentendimento. Quando fazemos isso, damos ao outro o direito de contar sobre si, de olhar para nós e saber o quanto aquilo que aconteceu nos magoou.

Muitas vezes, nessa abertura de diálogo poderemos nos surpreender. É possível (e não são poucas as vezes) que o outro tenha agido sem pensar, que tenha dito e agido movido pelo impulso de autodefesa sem sequer ter a compreensão do mal que pode ter causado, só compreendendo através do diálogo franco e aberto que isso não deverá se repetir.

Diante das possibilidades que a nossa humanidade nos permite de podermos conversar, dissipando dúvidas e mal-entendidos, qual a razão de ainda ficarmos tristes, magoados, infelizes, imaginado todo tipo de coisas ruins? Não é muito mais fácil nos preservarmos dos maus sentimentos e buscarmos no diálogo os acertos?

Pois é, a vida nos dá possibilidades, mas as escolhas são nossas.

Há quem escolhe sofrer e quem entendeu que viver e ser feliz vai muito além das nossas expectativas.

Em se tratando dos outros, as nossas atitudes e escolhas farão toda a diferença. Que a gente aprenda que felicidade é uma construção, que o estado de se sentir feliz passa por um caminho onde precisamos ter consciência do que queremos, das “ferramentas” que possuímos, de que cada pessoa é única e que expectativas devemos criar em relação a nós enquanto buscamos uma vida cada vez melhor.

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

@silnasihgil

Copyright © 2017 O Presente