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Silvana Nardello Nasihgil

Alerta aos pais e cuidadores de crianças e adolescentes

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Há dias venho pensando em escrever sobre a pandemia, que mudou as vidas no mundo todo. Hoje estamos muito mais em casa do que jamais estivemos. Com o passar dos dias a vida foi desbotando e os espaços de distração começaram a faltar. Cada um tentou suprir a falta de liberdade a seu modo, buscando coisas para distrair a solidão e as limitações necessárias para nossa sobrevivência.

Nessa busca por distrações, quem mais tem sofrido são as crianças e os adolescentes. Nessa necessidade de preencher o tempo, muitos pais ou cuidadores aderiram ao celular como sendo o salvador do momento. O celular tem sido oferecido como um “fica quieto” até as crianças da mais tenra idade.

Nós, adultos, temos um poder incrível de subestimar a capacidade das crianças de navegar no celular, de buscar através dele o que lhes interessa. Sabendo ler e escrever o mundo está a distância de um toque, e as informações entre os pequenos tem corrido em velocidade alarmante.

Nesse navegar sem critérios, em que os pais “ingenuamente” vivem a acreditar que um celular tem mais a ensinar do que as conversas e brincadeiras em família, a vida vai acontecendo, crendo ser em céu de brigadeiro, quando, na verdade, está se construindo um inferno existencial.

Dentro desse contexto virtual tenho ouvido e visto relatos de crianças e adolescentes que têm visitado com frequência sites pornôs, que, sabendo como apagar a navegação, se utilizam desses vídeos pra se autoerotizar.

Se vocês acham que tudo bem, eu garanto que esse comportamento não tem nada de saudável. Aprender sobre sexo com pornografia criará adultos com a sexualidade disfuncional e com fantasias difíceis de serem satisfeitas.

Além do grande apelo de sexualidade, eu preciso alertá-los sobre o que vem acontecendo no mundo dos jogos, aqueles jogos que estão tomando horas e horas do dia das crianças e adolescentes. Nesse contexto, até os pais mais ingênuos, aqueles que deixam o celular livre para as crianças brincarem sem sequer imaginar que nesse mundo existem adultos infiltrados, adultos perversos com todo o tipo de intenções. Fazendo-se passar por crianças, “fazem amizade” e através dessa relação sugerem aplicativos de conversa para serem baixados. Aplicativos que ficam escondidos no celular e que podem ser usados com “segurança” por essas crianças sem que os pais consigam encontrá-los ao ter acesso ao celular. Os assuntos são os mais diversos, de pedofilia com envio de nudes até seitas demoníacas que conduzem ao suicídio.

Precisamos redobrar os cuidados e a atenção.

O que eu escrevo não são coisas que li, não tenho intenção de criar pânico, mas buscar ajudar a olhar as verdades existentes. São situações que vivencio no meu trabalho e que têm se tornado cada vez mais frequentes e isso evoca a minha responsabilidade em falar a respeito. Estou realmente muito preocupada e vejo que só os pais com atenção redobrada podem conduzir esse processo buscando impedir que tragédias venham a acontecer.

Esse texto é muito sério e eu sugiro que vocês se dediquem a prestar muita atenção. São muitas coisas ocorrendo todos os dias, coisas absurdas que nem cabem no nosso imaginário que fica até difícil de acreditar.

Com tudo o que ouço e vejo, muitas vezes sou surpreendida com situações inusitadas e que me levam a crer que o mundo está evoluindo, andando rápido demais nas coisas boas, sem deixar de acelerar nas maldades.

Enquanto trabalhamos e buscamos organizar a vida, existem pessoas muito do mal, verdadeiros monstros, buscando arrebanhar seguidores para satisfazer as suas maldades.

Vamos ficar atentos para não ter que viver a tragédia pelo descuido.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

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