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Silvana Nardello Nasihgil

Não se deixe silenciar diante de eletrônicos

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Com a pandemia, ficamos mais em casa do que jamais imaginaríamos ficar. Procuramos todos os dias algo novo para preencher nossos dias tão iguais. Nessa busca estamos perdendo muito do bom senso em distrações que nos façam esquecer o tédio.

Pais muito preocupados porque o repertório de distrações já está sem novidades. Na ânsia de preencher o dia, o que estamos permitindo que seja companhia constante para nossas crianças e adolescentes? Estamos realmente nos preocupando com o tempo gasto em cada atividade?

Tenho muitos relatos de adolescentes que têm usado mais de cinco horas diárias com videogame, perdidos, quase anestesiados diante de uma tela, buscando interagir com o mundo cibernético e esquecendo da família e de si próprio.

Nessa busca por distração têm entrado os adultos também, usando telas até a madrugada, sem objetivos, sem esperanças, a não ser distrair o tempo. Percebo mentes embaralhadas, conversas imitando personagens, atitudes mais agressivas, mais solidão e menos desejo de sair da clausura.

Depois de tantos meses é importante fazermos uma avaliação daquilo que temos vivido, de quantos hábitos novos adquirimos e o quanto eles têm para acrescentar ou para tirar algo de nós. 

Não desfazendo a distração que um videogame e afins é capaz de gerar, mas buscando uma reflexão a respeito, porque já é passada da hora de nos importarmos em olhar ao nosso entorno. O silêncio diante de eletrônicos não tem relação alguma com aprendizado e muito menos com qualidade de vida, e isso começa a ser preocupante.

Cada um no seu quarto, cada um com um controle, ligados a fios, vamos deixando a vida acontecer, nos permitindo ser escravos de um mundo que tem como objetivo exatamente o consumismo desenfreado dos seus produtos. Diante de todo esse emaranhado de incertezas precisamos nos perguntar: o que isso acrescenta de positivo? O que isso traz de respostas a quem pouco ainda conhece do mundo, como é o caso das crianças e adolescentes? Qual o tempo ideal para usar esses aparelhos?

As famílias estão dentro de casa, como famílias, ou como ilhas que temem serem tocadas pelo mesmo mar?

Que a gente ganhe vida de qualidade repensando o nosso viver, que a gente aprenda a refletir as necessidades urgentes para que se possa construir pontes, pontes de união e aprendizados positivos, enquanto ainda temos tempo.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

 

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