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Silvana Nardello Nasihgil

Ninguém consegue ser feliz o tempo todo

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Silvana Nasihgil

O texto desse post dispensa comentários, mas vamos lá, refletir sobre a vida perfeita daqueles que não conhecemos.

Exatamente por não conhecê-los, o que deixamos assoprar em nossos ouvidos é a “perfeição” mostrada de toda forma a qualquer custo. Esquecemos que fotos e postagens em redes sociais não têm nada a ver com vida perfeita; muitas vezes, refletem muito mais o personagem imaginário do que aquilo que é verdade na alma e no coração.

Selfies e mais selfies de corpos incríveis, sorrisos largos, infindáveis declarações de amor eterno, gente saudável, atlética, tudo certinho e no lugar… dá uma invejinha, né?

Quem disse que tudo é real?

Isso pode ser encenação que serve muito mais para alimentar a imaginação do que as realidades. Pode ser que esses padrões de perfeição escondam tristezas infindáveis, vidas vazias de gente que não foi e não está se sentindo amada. Pode ser tantas coisas, menos a perfeição, pode acreditar!

Partindo do princípio real de que gente perfeita e vidas perfeitas não existem, desejar o que imaginamos do outro pode ser trocar a nossa paz por uma vida de turbulências.

Não são raras as vezes que alguém me pergunta: por que eu não consigo ter uma vida perfeita como fulano ou fulana? E eu repergunto: por que você acredita que ele/ela é mais feliz do que você?

Somos seres em constante construção vivendo de momentos incríveis, permeados por lutas e buscas constantes pela felicidade. Ninguém conseguirá ser feliz o tempo todo e muito menos a vida toda, simplesmente porque se assim fosse, chegaria uma hora que tudo estando perfeito não faria mais sentido o viver, por não ter mais nada por que lutar e nem objetivos a serem alcançados.

Poderíamos, então, escrever “the and!”.

Romantizar a vida daqueles que possuem alguma coisa que nos falta normalmente nos dá a falsa impressão que o outro possa ser mais feliz do que nós.

A casa perfeita, o parceiro(a) perfeito(a), ótima condição financeira, corpo escultural… essas coisas do ter não são passaporte para a felicidade.

Pode ser que uma pessoa possa ter tudo o que você não possui, mas lhe falta paz de espírito, esperança, tranquilidade, liberdade, amigos, credibilidade, caráter, valores… e amor.

Quando pensamos a vida, ao invés de invejarmos a “felicidade” alheia, deveríamos usar todas as nossas energias e focarmos no nosso existir. Deveríamos observar o nosso interior, pois quanta coisa linda podemos construir dentro de nós se buscarmos nossos dons e focarmos no nosso potencial.

Se prestarmos atenção vamos descobrir que a felicidade está inclusa nas coisas simples que normalmente não enxergamos quando vivemos desejando a vida dos outros. A felicidade exige leveza da alma e disposição para encontrá-la, pois ela pode estar (e normalmente está) no prazer de ter por perto gente que nos ama, na nossa casa para onde podemos retornar, no animal de estimação que nos ama sem interesse, na cama confortável, nas flores do jardim, no pão quentinho mesmo que sem manteiga, na alegria de ouvir uma música, de olhar para o céu e ver a grandeza do universo, de termos amigos… e de encontrar com Deus.

O que acabei de dizer pode parecer clichê, verso de música gospel ou algo tão básico que você já cansou de ouvir. Sim, você já deve ter ouvido sobre isso muitas vezes, e eu lhe pergunto: você prestou atenção?

Ouvir, ouvimos de tudo, mas quanto processamos e aplicamos?

Às vezes precisamos parar para fazer a experiência de olhar para dentro de si com mais amor, sentir o coração quentinho e enchê-lo de vida, respirar fundo e declarar para si o direito de sentir a vida fluir, de buscar o que sentimos ser merecedores. Então, estaremos abrindo caminhos para a felicidade, não a felicidade dos outros, aquela que invejamos, mas uma felicidade legítima, nossa, fruto de uma construção diária, onde colocamos a nossa energia, os bons pensamentos, nossos sonhos, fé, desejos, coragem, e sabendo o que queremos viver, vamos buscar na certeza que será uma construção diária que nunca terá fim. Então… estaremos construindo pontes e abrindo portas para experienciarmos a felicidade que vive dentro de nós. 

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

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