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Elio Migliorança

OS JOVENS PRECISAM SABER

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Neste tempo tumultuado e com revelações de novos escândalos a cada dia, o governo segue assaltando o bolso do cidadão para arrecadar mais e com isso pagar o preço da incompetência e falta de planejamento que nos conduziu à beira de um abismo, sendo que um apagão geral pode ocorrer a qualquer momento. De todos os apagões possíveis, o mais grave e preocupante é o apagão moral.

As mentiras da última campanha política e a realidade revelada após a posse dos reeleitos, tanto no governo estadual como federal, sepultaram a esperança de que a prosperidade prometida estava próxima e que começaríamos a usufruí-la já em 2015.

Os roubos são muitos e a investigação está só na Petrobras ainda. Vem mais por aí porque neste mato ainda tem muito cachorro. Os jovens precisam saber que nem sempre foi assim. Mesmo que os governos militares tenham sido vítimas de uma propaganda orquestrada nos últimos 12 anos tentando desmoralizá-los, é necessário resgatar valores da época, especialmente a honestidade com que exerceram o poder. Nenhum dos presidentes do período militar saiu rico do governo e todos viveram o resto de suas vidas com uma evidência: a honestidade pessoal de cada um. E para que se faça justiça vamos recordar. Quanto Castelo Branco morreu num desastre de avião, verificaram os herdeiros que seu patrimônio limitava-se a um apartamento em Ipanema (RJ) e umas poucas ações de empresas públicas e privadas. Costa e Silva, acometido por um derrame cerebral, recebeu de favor o privilégio de permanecer até a morte no Palácio das Laranjeiras, deixando para a viúva a pensão de Marechal do Exército e um apartamento em construção em Copacabana (RJ). Emilio Garrastazu Médici dispunha como herança de família uma fazenda de gado em Bagé (RS), mas quando adoeceu precisou ser tratado no hospital do Galeão no Rio de Janeiro. Ernesto Geisel, antes de assumir a Presidência da República, comprou o sítio de Cinamonos em Teresópolis (RJ), que a filha vendeu mais tarde para poder manter-se num apartamento de três quartos e sala no Rio de Janeiro. João Figueiredo, depois de deixar o poder, não aguentou as despesas do Sítio do Dragão em Petrópolis (RJ), vendendo primeiro os cavalos e depois a propriedade. Sua viúva, recentemente falecida, deixou um apartamento que os filhos venderam em mau estado de conservação. Antes de morrer Figueiredo foi operado no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro.

Os cinco generais presidentes até podem ter cometido erros, mas não se meteram em negócios, não organizaram quadrilhas para roubar empresas públicas, não enriqueceram, não receberam benesses de empreiteiras beneficiadas durante seus governos. Também não criaram institutos destinados a preservar seus documentos ou agenciar contratos para consultorias e palestras regiamente remuneradas que cheiram à lavagem de dinheiro. Bem diferente dos tempos atuais. Certa ocasião, o presidente Ernesto Geisel estava sendo entrevistado e, perguntado sobre a abertura política, respondeu de forma profética: “se é vontade do povo brasileiro, eu promoverei a abertura política no Brasil. Mas chegará um tempo que o povo sentirá saudade dos governos militares, pois, muitos desses que lideram o fim da ditadura, não estão visando o bem do povo, mas, sim, os seus próprios interesses”. Nós que vivemos somos testemunhas disso.

 

* O autor é professor em Nova Santa Rosa

 

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