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Elio Migliorança

A FAVOR DO MÉXICO, PARA O BEM DO BRASIL

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Era o dia da final olímpica de futebol entre o Brasil e o México. As notícias daquela semana no Brasil convenceram-me de que torcer para o México seria um ato de patriotismo e um gesto em defesa do futuro do Brasil. Talvez tenha sido o único entre milhões a torcer para o México, mas sinto aquela sensação do dever cumprido. Naquela semana foi divulgada a lei geral da Copa do Mundo de 2014. Os artigos 37 a 45 daquela lei, de forma malandra, concedem um prêmio de R$ 100.000,00 para cada jogador e reservas das copas mundiais de 1958, 1962 e 1970. Além do prêmio, é concedida uma pensão mensal vitalícia aos jogadores e reservas, e para os que já faleceram, terão direito os seus descendentes. O prêmio de R$ 100 mil será pago pelo Ministério do Esporte e a pensão vitalícia será paga pelo INSS. Um INSS que a cada mês aumenta seu déficit, constrangendo os velhinhos aposentados porque parece que são eles os culpados pelo prejuízo. Não sabem das aposentadorias milionárias, dos desvios gigantescos e das benesses que o governo distribui na maior irresponsabilidade, jogando a conta no colo do contribuinte, que tem cada vez mais imposto na conta do seu salário.
Das muitas manifestações iradas de brasileiros contra este prêmio, recebi um e-mail de um correspondente gaúcho que expressou bem o sentimento contra esta caridade com o chapéu, digo com o dinheiro alheio. O e-mail tem o seguinte teor: “mais demagogia barata, mais proselitismo vagabundo, mais estado-babá. Meu pai, que tem 85 anos e ainda trabalha de pedreiro, foi campeão mundial de agricultura de 1945 até 1970 e recordista mundial em assentamento de pedras, tijolos e reboco de 1970 até 2012 e ganha um salário-mínimo de aposentadoria que mal dá para pagar o aluguel e frequentar um bailão gauchesco que ele tanto gosta. Se existem atletas em dificuldades, que seus ex-clubes lhes deem suporte, ou então por que a riquíssima CBF não banca essa conta? Esse governo é uma porcaria! Agora só falta ainda Jairzinho, Paulo Cesar Caju, Carlos Alberto, Pelé, Clodoaldo, Felix etc receberem dinheiro do trabalhador. Tostão não, esse parece que tem um mínimo de vergonha na cara, inclusive já trocou farpas com Carlos Alberto sobre esse tema”.
A lei estabelece ainda a isenção do imposto de renda sobre o prêmio recebido. Percebe, caro leitor, a injustiça que se comete contra o trabalhador brasileiro que precisa lutar durante 35 anos para se aposentar com um salário-mínimo, e estes senhores jogaram uma Copa do Mundo que dura pouco mais de 40 dias e recebem tudo isso? A presidente Dilma inclusive já se referiu a estes jogadores chamando-os de heróis nacionais. Eis o motivo que me levou a torcer para que o México levasse o ouro. Se ganhássemos, nossos jogadores e reservas seriam também considerados heróis, por ser este o primeiro ouro do futebol, e algum débil mental ia sugerir um prêmio e uma pensão vitalícia. Como todos eles estão abaixo dos 25 anos, já pensou quanto isso custaria ao país, considerando que a perspectiva de vida está acima dos 70 anos e vai subir mais ainda?
Se minha torcida ajudou, fui bem patriota, pois ajudei o INSS a economizar milhões.

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