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Arno Kunzler

Batendo o pé

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Mesmo contrariado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelas entidades representativas da medicina e da pesquisa no Brasil e no mundo, o presidente Bolsonaro não desiste de indicar e sugerir medicamentos para combater a Covid-19.

Para uns é teimosia do presidente, uma tentativa de politizar o assunto e desviar o foco da crise e do sofrimento das famílias.

Para outros é convicção de que algo precisa ser feito para derrubar monopólios e uma espécie de “ditadura científica” que estaria sendo financiada por laboratórios interessados em manter o controle da pesquisa para ganhos financeiros.

Não é a intenção entrar no mérito da questão, já que nem eu e talvez nem você que está lendo este artigo temos elementos suficientes para qualquer juízo de valor.

Ainda assim me sinto tentado para escrever, para fazer ponderações e externar dúvidas pertinentes, já que a posição do presidente do Brasil merece uma discussão desapaixonada e despolitizada.

Será que há mesmo laboratórios financiando as pesquisas para promover os seus medicamentos em detrimento do bem comum?

As pesquisas pelo mundo afora estariam realmente todas envolvidas na mesma política de preservar os ganhos ao invés de criar e ampliar o acesso das pessoas aos medicamentos?

O capital e o interesse pelos ganhos, já vimos em outras oportunidades, não medem consequências e nem se importam com vítimas.

Por outro lado, a obsessão do presidente em indicar os medicamentos e enaltecer que a medicina não os indica porque são baratos seria apenas um gesto de leviandade política?

Será que isso não precisa ser esclarecido de forma mais contundente e desindexada do ambiente da pandemia?

Bolsonaro afirma e reafirma que não vai deixar pedra sobre pedra e que vai remover qualquer obstáculo que tente contra os brasileiros.

Se essa determinação for honesta e sincera, obviamente merece nossos aplausos. Se for apenas um gesto politiqueiro, merece nosso desprezo.

Mas, por enquanto ninguém de nós sabe e tem certeza se é uma coisa ou outra.

Muitos, por convicções políticas, já se posicionaram a favor ou contra, mas a verdade ainda há de se pronunciar.

Enquanto isso, vamos nos dividindo entre os que apoiam as atitudes do presidente e os que rejeitam suas incursões.

Para uns o presidente faz papel de estadista, para outros está fazendo apenas política e cujo método chega à beira do ridículo.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

 

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