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Arno Kunzler

Depois do Carnaval

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A partir da próxima semana começa 2022.

Pelo menos é assim que tem sido no Brasil. As coisas começam a andar depois do Carnaval.

É como se fosse uma barreira no calendário. Ninguém inicia um projeto ou dá andamento a qualquer iniciativa antes do Carnaval.

Não que as pessoas queiram comemorar o Carnaval ou estejam se preparando para a festa.

Acontece que o Poder Público, de modo geral, estimula essa paralisia, postergando a abertura dos orçamentos, o que, consequentemente, faz com que muita gente fique esperando.

Parece que não, mas o efeito acontece também nas empresas comerciais e, principalmente, no setor de serviços.

Aí temos essa sensação e de fato existe isso: o ano financeiro inicia depois do Carnaval.

É depois do Carnaval que as pessoas passam a fazer suas avaliações sobre o ano em curso.

Se vai ser bom ou ruim, comercialmente falando.

Neste ano, excepcionalmente, teremos eleições complicadas. Tudo que deveria estar acontecendo agora, formação de alianças, escolha de pré-candidatos, construção de candidaturas para o Congresso Nacional e Assembleias Legislativas vai ocorrer somente depois do prazo para criação das federações.

Essa demora vai fazer com que os políticos fiquem também em um compasso de espera irritante.

Ninguém sabe com quem vai estar nas próximas eleições.

Como estarão os principais candidatos em termos de alianças?

Quais federações serão de fato criadas e quais acabarão frustradas pelos excessivos interesses regionais?

Milhares de candidatos a deputado e senadores ainda terão que escolher seus partidos para aglutinar seus aliados com interesse nas próximas eleições para prefeito e vereadores.

Logo, o ano que deveria começar depois do Carnaval, politicamente falando, não vai começar ainda.

A safra, que deveria estar nos armazéns, ainda está no campo, esperando chuva novamente.

O dólar, que antes era um problema porque estava alto demais, aumentando os insumos, agora virou um problema porque caiu demais, baixando os preços dos produtos exportados.

Como se vê, 2022 não será o ano dos sonhos da maioria dos brasileiros, nem mesmo dos que tiveram aumento significativo do Auxílio Brasil, porque já perderam parte para a inflação.

Quem tem dívidas para pagar vê agora os financiamentos aumentar mais que os preços dos produtos agrícolas e dos serviços, uma inversão em relação aos anos anteriores.

 

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

 

 

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