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Elio Migliorança

PLANTEI UMA ÁRVORE

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Plantar uma árvore, segundo a cultura oriental, é um sinal de sabedoria. Plantar uma árvore não é uma tarefa simples. Cada semente tem um jeito certo para germinar. E ninguém planta uma árvore por acaso, ela tem uma finalidade. Quando o fiz pensei na sombra e nas horas agradáveis que passaria nela. Agora que a sombra está disponível, surgiu um problema. Não tenho tempo para aproveitar o aconchego da sombra. O meu problema, a falta de tempo, tem sido o problema da maioria da população.
Quando jovens, sonhamos com um meio de ganhar a vida, podendo ser um emprego ou um negócio próprio. Quando temos isso, queremos uma casa, um carro, depois ampliamos nosso negócio, compramos mais propriedades, vamos ampliando, ganhando mais dinheiro, até que um dia ficamos reféns daquilo pelo qual demos a vida para construir. E a cada final de ano, essa reflexão sobre o que representou o ano para nós remete-nos a estas indagações. Afinal, quando é que devemos parar? Alguns provavelmente terão chegado até este ponto da leitura e vão abandoná-la porque ler até o final lhes tomará muito tempo e possuem outras coisas urgentes a fazer. Depois de um ganho mensal, de ter casa, carro e uma reserva em dinheiro, o que devemos ainda querer? Estaria no patrimônio a felicidade das pessoas? Os que possuem mais riquezas são mais felizes que os menos afortunados? Uma das mulheres mais ricas do mundo no século passado, Cristina Onassis, disse certa vez a jornalistas: “dentro do meu Rolls Royce eu mais chorei do que ri”.
Os anos passam, e ao início de cada ano renovamos as esperanças de que este ano será melhor. Ao envelhecermos, mudam as prioridades, redescobrimos coisas, reclassificamos valores e nos conscientizamos de que a vida é uma dança na corda oscilante do inesperado. Embora nos digam que o paraíso é muito bonito, preferimos prolongar nossa estadia por aqui, já que aquilo que podemos ver e sentir nos deixa mais tranqüilos.
Os generosos dizem que a vida não se mede pela quantidade de anos que se vive, mas pela quantidade de alegria que se distribui. Na sombra fiquei pensando que é de gente como eu e você que o governo se aproveita para cobrar muito imposto para poder sustentar a todos aqueles que deixam que a vida os leve e também para aqueles com que a vida foi mais madrasta do que mãe. Sim, porque nem todos os pobres e necessitados são preguiçosos. O que me revolta não são os pobres necessitados, são os governos corruptos, as autoridades de qualquer poder, que roubam o dinheiro dos impostos que pagamos. São tantos e há tanta impunidade.
Na semana que passou foram presos membros do Judiciário do Estado do Espírito Santo, acusados de vender sentenças judiciais, pode isso? E logo foram soltos por ordem judicial. Isso é uma afronta a todas as pessoas de bem deste país. Como é uma afronta todo e qualquer roubo ou gasto desnecessário. Os abusos e as mordomias que se autoconcedem muitas autoridades são criminosas.
Estes pensamentos à sombra da árvore não agradarão a todos, como não agradarão a certas autoridades, o fato de uma multidão estar lendo isso. Tudo porque um “pateta” ficou a filosofar sob a sombra de uma árvore.

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