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Arno Kunzler

Política de Estado ou de governo?

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O Brasil precisa criar um programa de distribuição de renda às famílias pobres, desempregados ou não, que seja um programa de Estado e não de governo.

Os governantes costumam sentir ciúme de programas sociais criados por seus antecessores e que deram certo.

Assim foi com o governo do PT, que mudou o nome do programa criado pelo PSDB e assim está sendo novamente com o atual governo, que precisa mudar o nome do programa que herdou do PT.

Um bom governo precisa um bom programa social de distribuição de renda.

É o único jeito de um governo estar de bem com a população mais pobre, que costuma aceitar esse tipo de ajuda em troca de apoio, e poder governar.

Um governo sem apoio popular vira refém do Congresso e, ao invés de combater privilégios e desmandos, acaba tendo que jogar o jogo político dos que estão lá para aumentar seus privilégios.

Foi e continua assim em Brasília e em muitos governos estaduais e municipais.

Por isso essa tentação dos governantes em emplacar um programa de governo próprio, para enaltecer o candidato à reeleição ou à sucessão.

O que deveríamos discutir é um programa de Estado, não apenas de ajuda, mas de estímulos para o trabalho e para o estudo.

Quem recebe dinheiro do Estado, gratuitamente, se não for deficiente, incapaz, idoso ou criança, precisa participar de programas de capacitação, obrigatoriamente.

Se for benefício familiar, os filhos terão que estudar.

Se for programa de benefício pessoal, a pessoa, enquanto recebe, precisa se submeter a treinamentos profissionalizantes.

Se arrumar trabalho enquanto está recebendo benefício, não pode ser cortado o benefício sumariamente, pois desestimula o cidadão beneficiário a trabalhar.

Em muitos casos, a pessoa recebe um auxílio que não permite ter condição de uma vida digna, mas se arruma trabalho perde o benefício.

Ao contrário do que muitos pensam, não creio que um país como o Brasil possa cortar os programas sociais, pelo contrário, o dinheiro investido nesses programas é muito importante, se bem aplicado.

Agora, os programas têm que ter porta de saída. Esse é o grande problema que enfrentamos hoje.

É notório que muitas pessoas não fazem questão de trabalhar, porque recebem ajuda do governo e isso passa a ser um problema.

É possível e necessário mudar isso.

Mas o que será mais valioso é criar um programa constitucional, que seja um programa de Estado e não de governo.

Os governos mudam, têm pensamentos diferentes e os programas sociais não podem ficar à mercê dos políticos de plantão, servindo aos interesses políticos deste ou daquele governo.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

 

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