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Arno Kunzler

Prós e contras

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Os dois principais pré-candidatos à Presidência da República para as eleições de 2022, até este momento, são Lula e Bolsonaro. Isso é fato.

Ambos têm apoios importantes e também adversários a superar.

Começando pelo petista, é possível identificar flancos onde realmente a esquerda não encontrará respaldo tão cedo.

Por exemplo, no agronegócio.

Bolsonaro virou o jogo reduzindo praticamente a zero as invasões de terras e principalmente acabando com a doentia ideia de demarcação de enormes áreas agricultáveis de terras para povos indígenas.

Nem vamos analisar os preços das commodities, que ajudaram alavancar as exportações e a economia do país como um todo, e neste momento favorecem enormemente o presidente.

Outro ponto altamente favorável a Bolsonaro é a gestão do orçamento público, que passou a priorizar investimentos em grandes obras de infraestrutura e a melhorar a qualidade da gestão, diminuindo os desperdícios e os gastos desnecessários.

Um resultado que já é visível e tem tudo para melhorar aos olhos dos eleitores indecisos.

Outro fator que Bolsonaro cuida para não se prejudicar é o vínculo com partidos políticos. Até agora conseguiu evitar, tanto que está sem partido.

Bolsonaro também aposta que o eleitor mais ou menos informado não vota em Lula, porque considera que ele deveria estar preso e que muitos eleitores, mesmo insatisfeitos com sua gestão, rejeitam o petista.

Além disso, Bolsonaro mantém um discurso alinhado com as igrejas evangélicas, com quem estabeleceu uma espécie de aliança através de um fina sintonia de ideias que faz questão de expressar sempre.

Por outro lado, Lula está nitidamente esperando o momento certo para iniciar sua campanha, esperando o final da CPI da Pandemia, na esperança que surja algo que desminta a ideia de que Bolsonaro faz um governo honesto; pelos resultados da inflação que podem gerar desgaste pela queda do poder aquisitivo; e pela taxa de desemprego, que está aumentando, apesar do crescimento da economia.

Lula confia no seu discurso de campanha, um discurso mais voltado ao ser humano frágil, que só entende de economia do próprio bolso e está pouco interessado em grandes obras, além de ignorar o discurso anti-PT.

Lula sabe como tocar o homem que está em dificuldade. Carrega uma espécie de magia nas palavras, que sempre convenceram. Assim se elegeu duas vezes e assim elegeu Dilma duas vezes presidente do Brasil.

Ainda não se sabe como Lula pretende atacar Bolsonaro, até porque está na defensiva, talvez até para se preservar dos ataques da militância bolsonarista.

Todavia, ele já deve saber qual o lado frágil do adversário, mas pelo jeito prefere estocar munição para a campanha.

Lula deve estar apostando que Bolsonaro vai enfraquecer pelo seu próprio discurso.

É difícil imaginar como será uma campanha entre Lula e Bolsonaro no segundo turno, quando o eleitor não terá outras opções.

Aparentemente Bolsonaro tem mais argumentos para derrubar Lula, mas terá estratégia e competência para fazê-lo?

Por outro lado, Lula tem um discurso mais palatável para um embate entre os dois, mas terá o eleitor esquecido da corrupção dos governos do PT?

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

 

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