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Arno Kunzler

Quem errou?

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Enquanto os governos brigam para saber de quem é a culpa pelas mortes do coronavírus, os brasileiros querem saber como vamos nos ajustar depois da pandemia.

É lamentável que tenhamos, no mundo inteiro, disputas e inconsequentes discussões sobre responsabilidades.

Acompanhando os debates que envolvem o presidente Jair Bolsonaro, governadores e prefeitos, fica difícil acreditar que alguém esteja certo ou errado.

Assim como os médicos não falam a mesma língua, os políticos também se dividem entre as diversas formas de enfrentar a pandemia, especialmente no que diz respeito ao isolamento.

Nós, leigos, ficamos no meio, cada um comprando a ideia que mais lhe parece adequada e entramos nessa discussão da desinformação, do desinteresse e, ao que tudo indica, do descaso de muitos.

Cada um já encontrou seus culpados como se fosse possível atribuir essa crise a um ou a outro.

Os políticos, preocupados com a perda de votos, não querem dar margem para erros e depois serem culpados.

Assim, morrem de medo de qualquer fato que possa lhes ser atribuído no futuro, ou por omissão ou por excesso.

Mas o que divide mesmo a opinião pública é a discussão entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores e prefeitos.

Bolsonaro não hesita em culpar governadores e prefeitos pela crise econômica que virá, por terem provocado o isolamento social horizontal.

Os governadores devolvem a crítica acusando o presidente de contribuir com a proliferação da pandemia no Brasil e para a falta de conscientização das pessoas com o isolamento.

É possível perceber que o presidente ganha força com seus aliados e talvez até novos adeptos defendendo o fim do isolamento horizontal em todo o Brasil.

As pessoas estão mais preocupadas com o emprego e a renda do que com a pandemia, isso é fato.

Nem mesmo a hipótese da doença afetar alguém da própria família parece intimidar.

Ao mesmo tempo em que trocou o ministro da Saúde porque o anterior defendia o isolamento horizontal, percebe seu novo ministro, Nelson Teich, defender o lockdown (fechamento radical) em inúmeras cidades onde a pandemia cresce fora de controle.

Enquanto isso, a guerra de informações pelas mídias sociais e até pela imprensa tradicional continua confundindo nossas cabeças.

Qual é a certeza que temos hoje sobre o que é ou não é em relação às mortes por coronavírus?

Qual é a certeza que temos hoje sobre os efeitos positivos e negativos do isolamento social?

Qual é a certeza que temos sobre o pico da pandemia no Brasil?

Qual é a certeza que temos sobre o uso de medicamentos, ou não?

Qual é a certeza que temos sobre o futuro da economia? Era preciso mesmo fechar o comércio e paralisar todas as atividades?

Afinal, a incidência menor em alguns Estados é fruto de medidas preventivas implantadas pelos seus governos, ou não?

E as máscaras, tão diferentes, tão difíceis de serem usadas em determinadas atividades, quais funcionam?

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos da Natureza

arno@opresente.com.br

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