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Arno Kunzler

Respingando…

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É inevitável que as consequências da CPI da Covid serão desastrosas para todos que estão envolvidos, ou ainda serão envolvidos.

Os senadores sabiam que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) seria catastrófica para o governo Jair Bolsonaro, por isso instalaram.

O governo Jair Bolsonaro sabia que a CPI seria ruim para ele e por isso seus articuladores no Congresso incluíram governadores e prefeitos, no mínimo, para dividir responsabilidades.

Não há como um governo ser investigado em suas ações tão amplas como a Covid sem que apareçam falhas na condução do processo, falhas na política de combate e até falhas na compra de insumos.

Não precisa nem ser um ato comprovadamente corrupto do governo, basta ser falho, que as consequências políticas acontecem.

Qualquer CPI em qualquer município ou qualquer um dos Estados brasileiros apontaria falhas. As falhas são inevitáveis, ainda em ações contra algo tão grave e desconhecido como a Covid.

Talvez o que agrave as falhas, se elas forem confirmadas, seja o comportamento dos governos diante da pandemia.

Uma falha pode ser justificada, ou não.

O que parece pesar mais contra o presidente Jair Bolsonaro não são eventuais falhas em processos de compra ou até rejeição de compra de vacinas.

O que pesa mais são suas declarações frequentes e insistentes sobre a vacina, sobre a Covid e sobre as pessoas que a consideram uma doença grave, sobre as ações dos governantes que adotam medidas mais drásticas e especialmente sobre a demonstração frequente de descaso com a máscara e com as aglomerações.

Os que têm outra visão, que não a do presidente, não aceitam que o próprio presidente da República faça uma espécie de “campanha contra”.

E por mais que hoje o governo tente mostrar que agiu diferentemente do seu próprio discurso, essa imagem já está colada no presidente.

Esse vai ser o grande drama do presidente: provar que não travou deliberadamente ações de combate à Covid.

Muito mais do que eventuais falhas, ou até atos de corrupção que possam surgir dentro do próprio governo, o presidente precisa desfazer essa imagem.

Se conseguir, tira da oposição um argumento pesado contra sua reeleição.

Se não conseguir, vai conviver com esse drama durante a campanha e dependendo do que acontecer de agora para frente, inclusive revelações como as do deputado Luis Cláudio Miranda, um ex-aliado do presidente, podem ser fatais para suas pretensões futuras.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

 

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