Segundo turno, no primeiro

Cada vez está mais claro e evidente que a eleição presidencial deste ano poderá ser decidida no primeiro turno.
Com a desistência (articulada cuidadosamente) de Sérgio Moro e a tendência de seus votos não irem para outro candidato da pretensa terceira via, Lula (PT) e Bolsonaro (PL) chegam mais próximos de um deles alcançar 50% dos votos válidos já no primeiro turno.
Hoje Lula está mais próximo, mas sua campanha parece estar sofrendo com a aproximação de Bolsonaro.
Com discursos desconectados com os eleitores que poderiam acompanhá-lo em virtude de não serem simpáticos ao presidente Bolsonaro, Lula permite que a disputa já esteja bem acirrada com tendência de ficar ainda mais.
A performance de Geraldo Alckmin (PSB) ao lado de Lula parece não ter ajudado em nada o ex-presidente, pelo contrário, ao invés de acenar para os eleitores de centro, convidando-os a votar no petista, Alckmin faz um discurso desastroso enaltecendo os sindicatos, cujos eleitores já são do ex-presidente.
Menos mal para Lula que o eleitor tradicional do PT não muda seu voto, nem mesmo Lula falando bobagens ou Alckmin falando como petista.
A continuar nessa balada, Lula terá dificuldades para crescer além dos limites do eleitorado fiel à esquerda que sempre lhe acompanhou nas derrotas e nas vitórias.
Como o eleitor que não quer nem Lula nem Bolsonaro ficou meio sem rumo e a expectativa pela terceira via praticamente está sepultada, vale muito cada voto daquele que ainda não sabe em quem votar.
Tanto Lula como Bolsonaro já fizeram ou continuam fazendo força para perder a eleição.
Bolsonaro falando menos, mas continua sem discurso ou não querendo falar para o eleitor empobrecido em seu governo, aquele que perdeu poder de compra.
E isso, querendo ou não admitir, vai pesar muito na hora do voto.
Lula porque não consegue se livrar do discurso raivoso e radical, o que também lhe faz perder a chance de conquistar votos descontentes com Bolsonaro.
Assim, salvo mudança de rumo de um dos pré-candidatos, ou o surgimento com mais força de algum nome de centro, teremos um primeiro turno com cara de segundo e chance real da eleição presidencial ser decidida em 02 de outubro.

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul
arno@opresente.com.br