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Arno Kunzler

Sem rumo e sem freio…

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A indústria automobilística dá um primeiro sinal de fraqueza.O primeiro semestre de 2014 fechou com queda na produção de veículos de 17% em relação ao primeiro semestre de 2013.Isso não seria tão grave se não fosse o esforço do governo para manter a produção, facilitando o financiamento de carros novos e oferecendo incentivos fiscais para as montadoras.A política de consumo, via incentivos fiscais e financiamentos cada vez mais longos, é incompatível com o crescimento sustentável que todos desejamos.É lógico imaginar que um dia a produção vai ter que ceder e os empregos mantidos de qualquer jeito serão extintos.Mesmo o governo renovando o pacote fiscal para beneficiar as montadoras, o segundo semestre não deverá reverter a tendência de queda.Estamos diante de uma realidade que o governo ainda insiste em disfarçar, mas que há algum tempo vem atormentando os analistas econômicos, mas e especialmente as donas de casa.O Brasil que anunciam não é o Brasil que nós, brasileiros, vivenciamos no dia a dia.Quem vai ao mercado, quem está construindo, quem precisa de mão de obra, mesmo que não seja especializada, sente na carne a inflação corroendo seu salário.Só não é pior porque a construção civil, financiada a juros subsidiados para as famílias de baixa renda, mantém as taxas de emprego e o consumo do setor aquecidos.Além disso, o governo socorre os que perderam o emprego com salário-desemprego, sem exigir relocação e nem treinamento, conforme prevê a legislação.Também mantém nos programas sociais uma grande porcentagem de famílias que nem sequer aceitam trabalhar para não perder seus benefícios.Estamos diante de um quadro econômico distorcido, de um lado importando pessoas para trabalhar, especialmente nas indústrias, e de outro pagando pessoas para não fazer nada…A política de incentivo ao consumo é surreal.A política de incentivo à produção de veículos é insustentável.Logo, é previsível imaginar que estamos apenas esperando passar as eleições para que o próprio governo – se permanecer esse ou outro for eleito – retome as rédeas e o rumo de uma economia saudável e sustentável.Não se pode e nem se deve fazer previsões catastróficas, já que vivemos um ciclo virtuoso que se estende por mais de uma década, mas é absolutamente compreensível que a economia precisa de novos fatores desafiantes.Perdemos a oportunidade para diminuir a dependência de milhares de pessoas dos programas sociais, ao não oferecer-lhes uma saída.O cidadão não pode ser beneficiário do programa e trabalhar para melhorar sua renda e, com isso, um dia deixar de ser dependente.Logo, criamos um enorme contingente de pessoas sem interesse em trabalhar, sem motivação para aceitar um emprego e sem obrigação de estudar e nem de participar de qualquer treinamento.Sem porta de saída e mês a mês aumentando o número de pessoas dependentes, cada vez menos trabalhadores vão pagar a conta de cada vez mais dependentes.Não parece razoável imaginar que essa enorme distorção vá nos levar à prosperidade prometida…Estamos andando perigosamente ladeira abaixo, sem rumo e, talvez, sem freio, para cessar essa onda de incentivos de um lado e benefícios do outro. Por Arno Kunzler

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