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Arno Kunzler

UM SONHO DESABANDO…

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Desde 1982, quando a Itaipu fechou as comportas da barragem e fez a água chegar onde muitos duvidavam, começamos a sonhar com turismo em nossa região.

A própria Itaipu deu o primeiro passo, liberando áreas, uma por município, para construir um parque de lazer, com as chamadas praias artificiais.

Muitos sonhadores projetaram um futuro maravilhoso, uma região cheia de atrativos naturais, contando com a criatividade do seu povo para adequar o que antes era agricultura, para turismo.

Convenhamos que muitas vezes subestimamos as dificuldades. E nesse caso, as dificuldades eram maiores do que projetadas e sonhadas pelos sonhadores.

As prefeituras gastaram tempo, dinheiro e dedicação ao turismo. As prainhas, para não dizer que não deram certo, deixam a desejar.

Nos últimos anos, com as constantes mudanças do nível da água, a situação ficou bem pior e alguns projetos em andamento e outros em funcionamento passaram a sentir enormes dificuldades para sobreviver.

O lago por si só é um atrativo, mas as prainhas necessitam de investimentos agudos e de gestão.

Nas mãos do Poder Público, e aí não é culpa dos prefeitos, pois as áreas não podem ser transferidas por pertencerem à multinacional e com isso há regras rígidas para seguir, os projetos estão literalmente fadados ao fracasso.

Temos público, mas para eventos pontuais e sem retorno financeiro para quem investe no local. São usuários que ficam pouco tempo, usam o espaço, gramados, banheiros, energia elétrica, churrasqueiras, produzem lixo e vão embora.

O dinheiro que deixam, diárias para acampar e as poucas coisas que compram no local não estimulam os comerciantes a investir. E sem investimentos privados, dependemos somente do Poder Público.

E o que percebemos é que as construções de muito tempo vão sendo deterioradas e muitas delas nem serão reformadas.

Em Porto Mendes foi construído um restaurante novo para oferecer um espaço a mais aos visitantes, ou uma opção melhor para quem quer almoçar ou jantar no local. Por falta de interessados em assumir o restaurante, há algus anos a construção está lá, sem uso e mais uma vez a prefeitura tenta encontrar alguém, através de processo licitatório, para fazer a concessão.

Novos investimentos já foram feitos para tentar adequar a construção inicial. Oxalá, encontrem alguém com interesse em investir no local e ofereça uma opção diferente das que temos hoje, embora reconheça-se que a família de Lauro Biesdorf, que há quase 30 anos toca a única lanchonete no parque, presta um grande serviço à comunidade.

Limitado pelas condições da construção velha e sem possibilidade de reforma, já que se encontra abaixo da cota, limitado pelo próprio local e pelas condições da prainha que nos últimos anos não atrai praticamente ninguém. O que atrai são os eventos, a pesca, lazer e o camping.

Se o turismo regional já foi alvo de muitos estudos, muitos discursos, muitas promessas, atualmente ninguém se encoraja a enaltecer nem sequer como opção de atividade econômica, que dirá como atividade principal.

A falta de segurança no lago, a oscilação do nível da água, a falta de atrativos como pesca, esportes e lazer, deixam o “litoral Oeste”, como chegou a ser chamado, empobrecido para o turismo. E com isso, quem sabe, ainda nem percebemos, o sonho de muita gente, de várias décadas, desabando…

 

* O autor é jornalista e diretor do Jornal O Presente

arno@opresente.com.br

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