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Elio Migliorança

É vida ou morte

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Enquanto notícias e fatos novos correm à velocidade da luz com novas denúncias e o esperneio do mundo político, passam despercebidos os avisos mortais da natureza, agora bem visíveis no continente europeu e em outros rincões do planeta. O início do verão europeu foi marcado por uma forte onda de calor, com temperaturas acima de 40ºC em alguns pontos do velho continente. Para ter ideia do que ocorre lá por conta do calor, há 15 dias um programa da rede ITV de Londres, o “Good Morning Britain”, saiu do ar duas vezes por causa do superaquecimento de aparelhos em seu estúdio, mesmo problema enfrentado por um dos principais noticiários da BBC de Londres. A última vez que algo parecido aconteceu foi há 20 anos, em 31 de agosto de 1997. Cerca de 500 pessoas, a maioria de idosos, morreram em junho na Hungria em consequência da onda de calor, informou o Instituto Nacional de Saúde de Budapeste. A temperatura no país chegou a 41,9ºC. Foram registradas ainda 15 mortes na Romênia, cinco na Itália e duas na Macedônia, todas relacionadas ao calor.

Com temperaturas de até 47ºC na Itália, a onda de calor causou dezenas de focos de incêndio. Em Portugal um incêndio matou 65 pessoas, feriu dezenas de outras, desabrigou milhares e destruiu mais de 100 mil hectares de área verde. Um incêndio de grandes proporções atingiu semana passada a província de Huelva, no Sul da Espanha. Mais de duas mil pessoas foram retiradas de suas casas e o fogo ameaça o Parque Nacional de Doñana, uma reserva declarada patrimônio da humanidade pela Unesco.

Enquanto isso, nas terras do tio Sam, após muitas ameaças, o imprevisível Donald Trump cumpriu sua promessa e tirou os Estados Unidos do maior acordo internacional da história sobre o clima, o acordo de Paris, assinado em dezembro de 2015 e ratificado por mais de 130 países, com metas para reduzir a poluição emitida por fábricas, veículos e desmatamento. Surpresa para nós, mas não para os americanos, afinal era uma promessa de campanha do Sr. Trump.

Do lado de cá estamos em pleno inverno, mas com clima de primavera e alguns dias com tardes de verão, com sol escaldante, saudado festivamente, pois ajuda na maturação do milho 2ª safra. O que hoje festejamos pode virar lamento num futuro próximo, já que primavera e verão estão logo adiante. Com temperaturas acima de 34ºC, as matrizes suínas abortam facilmente, as fêmeas inseminadas não engravidam e os animais comem menos, comprometendo o resultado final. As vacas diminuem a produção de leite e os frangos com excesso de calor simplesmente morrem. Algumas espécies vegetais perdem as folhas ou na fase de floração abortam e reduzem a produção final. Como se vê, os pilares da produção no Sul do Brasil ficam comprometidos com a elevação da temperatura. Isso implica em investimentos para manter o ambiente adequado e na agricultura rezar para que o tempo seja favorável.

Os agricultores de nossa região estão cumprindo suas obrigações com a lei ambiental, mas nada podem fazer contra atitudes criminosas de destruição da natureza mundo afora ou o desmatamento da Amazônia, que criou a maior “saia justa” para o presidente Temer em visita à Noruega, já que o país destinou R$ 2,8 bilhões entre 2009 e 2016 para a preservação da Amazônia. Desmatar e poluir é matar-se pelas costas. Preservar é questão de vida ou morte.

 

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