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Elio Migliorança

Marcados para sempre

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Era para ser apenas um encontro de velhos amigos, alguns que não se viam há mais de 30 anos, mas se transformou num evento para recordar histórias, fatos, lembranças e fazer um balanço sobre os resultados de um processo imprevisível. Foi dia 23, último domingo, no interior de Ouro Verde do Oeste, que várias famílias sentaram ao redor da mesa para celebrar um encontro memorável.
O elo entre os participantes? Terem estudado no Seminário Santo Américo de Nova Santa Rosa. O encontro teve à frente o agricultor e empresário Delmar Kohler, em cuja propriedade foi realizado. Propriedade referência ambiental, porque uma área de 11 alqueires possui mais de 5 alqueires em matas, rio, sangas, cachoeira e produção de peixes, onde o empresário instalou o FrigoKohler, gerando mais de 30 empregos diretos.
Foi um encontro de gerações, afinal, há mais de 30 anos, os então seminaristas estudaram no Seminário e no Ginásio Nova Santa Rosa, mantido pela Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), entidade filantrópica que teve presença marcante no Oeste do Paraná.
Foi um dia privilegiado para avaliar o resultado da educação dada a estes jovens nos anos iniciais de sua vida. Todos eles já maduros, com família constituída e com filhos em idade escolar, foi o momento de fazer um paralelo entre o método educacional de então com o que temos hoje. Sim, porque se você fabrica salsichas é fácil no final de um período fazer o balanço e conferir o resultado. Em educação não é assim.
É um processo de longo prazo e de consequências imprevisíveis, pois cada estudante vem de uma realidade e com diferentes qualidades e níveis culturais. Mas, depois de 30 ou 40 anos, fiquei surpreso com a avaliação que estes pais de família fizeram da educação de então.
Considerações elogiosas à educação no seminário e aos estudos realizados no ginásio. Professores com formação superior, nosso ginásio era o único do Brasil que tinha um doutor dando aulas, era o Padre Dom Severino, doutor em História pela Universidade Sorbonne de Paris.
Segundo eles, as exigências do aprendizado, sem exceções nem privilégios, onde para ser promovido era necessário provar o aprendizado através das avaliações e com presença constante dos padres do seminário bem como dos pais que controlavam o boletim e as notas escolares.
A disciplina do colégio e no seminário ajudou a moldar o caráter e incrustou de forma sólida valores em todos os setores, especialmente família, espiritualidade e respeito à lei e aos direitos dos demais. Maioria absoluta considera que hoje as escolas não se assemelham às de então no quesito respeito e disciplina.
Castigos físicos? Leves, mas havia sim, e mesmo assim ninguém ficou traumatizado, deprimido ou com sequelas. Dependendo do motivo, em casa se apanhava de novo, testemunharam vários, enquanto que hoje o risco é de os professores serem agredidos.
Recordar é viver. E o que todos afirmaram é que a vida no seminário os deixou marcados para sempre, uma marca positiva e com valiosas lembranças de um tempo que se foi, mas que formou uma geração de pais de família e cidadãos de caráter, que muito contribuem com a sociedade onde vivem. Foi um dia para recordar de colegas e professores, com a valiosa contribuição de cada um no processo de formação desta geração.

O autor é empresário rural, professor aposentado e ex-prefeito de Nova Santa Rosa
miglioranza@opcaonet.com.br

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