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“Cortar o mato, eu corto”

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Em Cascavel, governador confronta tarifa de manutenção nas rodovias. E diz que para roçar mato e pintar faixa não precisa de pedágio; controvérsia derruba os cabelos do Ratinho, que recorre a implante

O governador Ratinho Junior adicionou na quarta-feira (8), em Cascavel, mais um capítulo da queda de braço em torno da modelagem de concessão de rodovias no Paraná. Ele voltou a defender o projeto desenvolvido em parceria com o então ministro da Infraestrutura (hoje governador de São Paulo), Tarcísio de Freitas, que prevê R$ 55 bilhões em investimentos privados nos primeiros sete anos de concessão e consequentemente uma tarifa mais robusta que o teto de R$ 5 defendida pela oposição ao Iguaçu – situação em Brasília.

“Se for para cortar mato e pintar faixa não precisa de pedágio, eu mesmo, através do Governo do Estado, faço”, disse Ratinho Junior na visita ao Show Rural Coopavel.

O tom mais enfático do governador vem em resposta à atuação das bancadas do PT e do MDB na Assembleia Legislativa, siglas que dão o tom na Frente Parlamentar criada em 2020 para debater a renovação das concessões, e cujos representantes estiveram em Brasília na primeira semana de janeiro para minar a modelagem desenhada pelo Palácio Iguaçu.

“Nós estamos cobrando do governo federal uma alteração neste projeto nefasto que foi feito pelo governador Ratinho e pelo então presidente Jair Bolsonaro. Espero que o presidente Lula mantenha o discurso que teve durante a campanha aqui no Paraná”, comentou o deputado Requião Filho, líder da oposição na Assembleia.

O discurso ao qual o parlamentar alude vem na linha do pedágio de manutenção, ideia que vicejou na campanha oposicionista no ano passado, estabelecendo um teto de R$ 5 para a tarifa.

O governador rebateu o “cincão” da tarifa.

“Tem que parar de mentir para a população. Pedágio de R$ 3 ou R$ 4 não existe. Se trabalhar com esses valores não tem obra como vemos hoje em trechos rodoviários de Santa Catarina. Um quilômetro de duplicação custa R$ 10 milhões. O crescimento vertiginoso do Oeste do Paraná exige grandes aportes financeiros em infraestrutura”, disse Ratinho.

Ratinho Junior de chapéu no Show Rural: implante de cabelos e defesa do modelo de pedágio desenhado pelo Iguaçu

Tratativas

Logo na sequência o governador baixou o tom e fez mesuras ao ministro da área, Renan Calheiros Filho. “Estive com ele duas semanas atrás, temos dialogado, e nossos técnicos estão em conversas com a ANTT para ajustarmos. A bancada do Paraná no Congresso Nacional também terá um papel importante neste entendimento”, disse Ratinho Junior, sem dar previsão de quando o impasse estará superado.

As cancelas do pedágio estão abertas desde novembro de 2021, quando os contratos com as concessionárias expiraram. O congelamento da nova licitação foi apontado como uma estratégia para tirar o espinhoso tema da campanha reeleitoral. Enquanto a licitação não sai, obras como a conclusão da duplicação da 277 entre Foz e Cascavel, bem como a entrega da ampliação de pista da 163 entre Cascavel e Capitão Leonidas Marques, permanecem à espera de um consenso político que parece distante.

Chapéu na calvície

O governador esteve o tempo todo de chapéu no Show Rural. Havia mais de uma razão para tal. Uma delas é o recente procedimento estético ao qual Ratinho Junior foi submetido. Ele próprio revelou o implante de cabelo em vídeo postado no último dia 2. “Só pra justificar que eu tô de boné. É por que eu tava ficando careca. Quatros anos de mandato você vai ficando assim viu, gente?”, disse um sorridente governador, admitindo que implantou “umas mudas de cabelo”.

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Sergio Moro tira a ideologia da prosa

Senador aponta para a moderação da direita; visita mostrou também arrefecimento da tietagem

Ao lado de Dilvo Grolli, Sergio Moro dá seu veredito sobre o “dia da infâmia”, 8 de janeiro: “Todos devem ser responsabilizados e penalizados na proporção dos crimes que cometeram”

A primeira visita do senador Sergio Moro a Cascavel após apertada vitória na eleição ao Senado imprimiu um tom de moderação. Presente ao Show Rural na segunda-feira (6), instigado, evitou fustigar abertamente os novos inquilinos do Palácio do Planalto, embora tenha deixado claro o posicionamento: oposição ao lulismo – como não se poderia imaginar diferente.

Questionado se poderia liderar uma nova direita, desvinculada das bandeiras ideológicas bolsonaristas, Moro preferiu tangenciar e trazer a conversa de volta para o crivo ao governo de turno. Em outros questionamentos, como na desoneração de tributos incidentes sobre combustíveis, Moro também optou pela cautela. “Prefiro aguardar a proposta a ser apresentada pelo governo”.

Moro disse ainda, em sinalização à plateia majoritariamente enchapelada, que irá aderir à bancada ruralista no Congresso Nacional. Ele recebeu uma pauta de reinvidicações do Sindicato Rural, entregue pelo presidente Paulo Orso.

8 de janeiro

O senador foi enfático ao condenar o vandalismo na Praça dos Poderes no “dia da infâmia”, 8 de janeiro. “Todos devem ser responsabilizados e penalizados na proporção dos crimes que cometeram”, disse, em letras de magistrado.

Porém, ressalvou Moro, é também preciso entender e dar respostas para os motivos que levaram à revolta de parte do eleitorado no pós-eleições, e que cabe também ao novo governo produzir reflexões a respeito.

Urnas apertadas

Moro quase foi atropelado na reta final da eleição pelo bolsonarista Paulo Martins. Abertas as urnas, o ex-juiz cravou 33,5% contra 29,1% de Martins. Em Cascavel os patriotas também se dividiram: 34,5% a 33,1% para o eleito. Ou seja, aqui, menos de três mil votos separaram vencedores e perdedores na disputa pela única cadeira paranaense disponível naquele pleito para o Senado.

Em tempo: em outros tempos a “aparição” de Moro gerava gritaria histérica e aplausos efusivos. Agora não é mais assim. A tietagem se resumiu a alguns selfies de visitantes ao Show. A impressão que fica é que a idolatria de político é algo que nossa sofrida democracia vem superando aos poucos.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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