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“Guerra santa” na educação?

Da escolinha na capela Nossa Senhora Aparecida ao polo universitário, Cascavel ruma para seu primeiro século na educação; Colégio Adventista cresce e deve liderar o mercado já em 2024

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Quem transita pela Rua Rio Grande do Sul, entre a Carlos de Carvalho e a Sousa Naves, vai encontrar o número 90 no muro da escola. Noventa anos do Colégio Eleodoro Ébano Pereira. E se pergunta: como uma cidade de pouco mais de sete décadas pode ostentar uma instituição quase centenária?

É possível que a direção do Eleodoro reivindique para o histórico do colégio a pequena escolinha montada no início dos anos 1930 em Cascavel, então distrito de Foz do Iguaçu, onde hoje está a Igreja Santo Antonio.

Ali, em 1932, funcionava a Capela Nossa Senhora Aparecida, depois transferida para o centro, onde hoje está a Catedral. E naquela capelinha de raros ou nenhum registro fotográfico, constitui-se a primeira escola da cidade.

A primeira professora, Genoveva Boiarski, faleceu aos 101 anos em julho de 2020. Sua vida centenária permitiu-lhe o privilégio de testemunhar a formação de um vigoroso polo universitário em Cascavel, com mais de 26 mil acadêmicos entre presenciais e matriculados no ensino a distância, segundo o sindicato patronal do ensino superior.

Somente na rede municipal de ensino são 126 escolas e Cmeis, abrigando 31,5 mil alunos. O vertiginoso crescimento da cidade (quase 350 mil habitantes, pelo Censo 2023) também permitiu florescer um vigoroso polo privado no ensino fundamental e médio, a ponto de atrair a maior rede de ensino do Sul do país, o Positivo.

Fundado pelo senador Oriovisto Guimarães, o Positivo adquiriu em Cascavel o Passo Certo, colégio onde estão matriculados os filhos da elite econômica local, disposta a pagar mensalidades e material didático que geram um boleto mensal acima de R$ 2,2 mil por aluno. A Passo Certo já aparece no top 5 entre as escolas com mais matrículas.

O Adventista em obras se agiganta na Rua Pernambuco e deve assumir, já em 2024, a liderança do mercado privado em Cascavel: “onda evangélico-patriota”?

O RANKING PRIVADO

Levantamento realizado pelo Pitoco com base no banco de dados do Sindicato dos Trabalhadores em Escolas Privadas de Cascavel, traz surpresas no ranking dos maiores da cidade.

Em uma resposta rápida, o primeiro nome a vir na lembrança para liderar em número de alunos seria o Colégio Marista. Mas pode não ser. Com 60 anos na praça, o Marista seria inicialmente construído onde hoje está o Centro Esportivo Ciro Nardi, como se recorda o pioneiro Beto Pompeu.

“O município sugeriu uma permuta de área, e designou o local onde hoje está o colégio para os Irmãos Marista para construir um estádio lá no Ciro Nardi”, relata Pompeu.

Em seu site oficial, o Marista Cascavel informa 1,2 mil alunos matriculados. Na conta do Sindicato, são mil. O maior, de acordo com a entidade, é o Colégio FAG, com 1,2 mil matrículas, seguido pela surpresa, o Adventista, com 1.060.

“Guerra Santa” entre adventistas evangélicos e maristas católicos pelo mercado do ensino privado em Cascavel? Nada disso. Na numerosa classe média cascavelense há alunos para todos os que oferecem qualidade.

ONDA CONSERVADORA?

A ascensão do Adventista pode ter outras razões, até de natureza ideológica? A onda conservadora que se manifesta nas urnas cascavelenses pelo menos desde as eleições presidenciais de 2014, teria produzido uma “onda patriótica evangélica” na educação?

O vice-diretor do Colégio Adventista, Pedro Andrade, não vê fenômenos políticos no crescimento da instituição em Cascavel. Ele lembra que a Rede Adventista chegou ao Paraná 127 anos atrás, em Curitiba, e está presente nos cinco continentes. E se tradição se reflete em credibilidade, adventistas e maristas ombreiam em igualdade de condições.

O Adventista só não assumiu a liderança em número de matrículas por limitações físicas. Andrade confirma a lista de espera no ensino fundamental e infantil. Em obras, o colégio está dobrando de tamanho ali na rua Pernambuco.

PROTOCOLO ANTI-BULLYING

Política, ideologia, conservadorismo dos patriotas cascavelenses trouxeram um colégio que não figurava nem no top 10 para a liderança do mercado já em 2024? Para Pedro, não. “Estamos fora da política, combatemos a xenofobia e qualquer tipo de preconceito, temos protocolos a seguir em caso de bullying envolvendo homofobia ou que afrontem qualquer dos valores atemporais baseados no respeito”, diz o vice-diretor.

Preferência para professores e funcionários adventistas na rede confessional é tida como natural pelo vice-diretor, mas isso não implica dizer que o criacionismo será apresentado em altar superior ao darwinismo – para ficar em um exemplo. “É preciso estabelecer diálogo entre as teorias e levá-las ao conhecimento dos alunos”, diz.

Mediação de conflitos, disciplina dialogada, entendimento da pluralidade e diversidade dos alunos, empatia e escola sem partido (nem dos amarelos, nem dos vermelhos), parece ser o segredo do vertiginoso crescimento do Colégio Adventista no disputadíssimo mercado do ensino privado de Cascavel.

BAÚ DO PITOCO

Regimento proíbe saia curta na maior escola

Em 21 de março de 1997, a 23ª edição do Pitoco trazia um caso curioso no vovô das escolas de Cascavel, o Colégio Eleodoro, confira abaixo o bafafá que rendeu a partir das dimensões das saias das alunas:

A maior e mais antiga escola pública de Cascavel, o Colégio Eleodoro Ébano Pereira, com quase três mil alunos, está sendo rigorosa no cumprimento de seu regimento: as alunas não podem trajar saias curtas, roupas transparentes ou blusas decotadas. Atípica até mesmo em sua política didático-pedagógica (não existe reprovação), a escola também não permite o uso de bonés.

Embora as medidas pareçam meio “fora de moda” em nossos tempos, a diretora da escola, Marlene de Jesus Dias, defende enfaticamente a iniciativa, embora democraticamente se coloque a disposição para discuti-la até mesmo em assembleia com a comunidade escolar.

Pitoco – Aluna de saia curta aprende menos?

Marlene de Jesus Dias (diretora do Eleodoro) – Com toda certeza, quem estiver usando saia curta ou roupa transparente, terá o mesmo grau de aprendizado. Isso não se discute.

Esta medida não fere os chamados “direitos individuais da pessoa”?

Existem coisas que não podemos abrir mão. Não podemos aceitar nada que atrapalhe o andamento normal de uma sala de aula. Até acho que proporcionamos bastante flexibilidade, já que tem escola publica exigindo uniforme dos alunos..

Não é um procedimento antiquado, moralista?

Olha, você não vai para praia de bombacha e bota, vai? A escola não é local para desfile de moda. Não considero isso moralismo. Eu pessoalmente até simpatizo com praia de nudismo.

Infidelidade: Cascavel é top 5

Ranking da “galhada” posiciona Cascavel entre as cidades paranaenses com o maior número de infiéis no relacionamento conjugal

Um levantamento realizado pelo site Ashley Madison mostra as cidades do Paraná que possuem mais pessoas infiéis nos relacionamentos.

O site está balizado para produzir o ranking, já que reúne perfis de usuários que buscam um caso fora do namoro ou casamento. O Ashley é uma espécie de Tinder, porém voltado para “puladas de cerca”.

De acordo com a pesquisa, entre os perfis cadastrados, apenas uma cidade do Oeste do Paraná aparece na lista das dez mais infiéis do site: trata-se de Cascavel, 5ª colocada no levantamento da “galhada”.

No topo do ranking está a cidade de São José dos Pinhais. Francisco Beltrão, no Sudoeste, surge na quarta posição.

RANKING DAS CIDADES PARANAENSES MAIS “INFIÉIS”

1º – São José dos Pinhais; 2º – Maringá; 3º – Piraquara; 4º – Francisco Beltrão; 5º – Cascavel; 6º – Curitiba; 7º – Pato Branco; 8º – Campo Mourão; 9º – Campo Largo; 10º – Cambé

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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