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O nome dela é Jennifer!

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Às vésperas do 8 de março, presidente internacional do Rotary vem a Cascavel saber por que a região sedia o maior distrito do clube de serviço fora da América do Norte

O nome dela é Jennifer. Se tudo der certo, aterrisa no aeroporto de Cascavel às 11 da manhã desta sexta-feira (3), em um voo da Gol. Batedores em motocicletas da Transitar irão conduzi-la até o Paço Municipal, onde será recebida pelo prefeito da cidade.

Jennifer Jones é doutora em Direito e presidente de uma corporação de mídia. Na condição de presidente internacional do Rotary, está à frente de 34 mil clubes de serviço distribuídos em mais de 100 países, com cerca de 1,3 milhão de membros. É detentora da medalha do Jubileu de Diamante da Rainha Elizabeth e a primeira canadense a receber o Prêmio Pacificadora do Ano.

A escolha de Cascavel para uma visita mediante uma agenda que sugere a opção de mais de uma centena de países tem uma razão de ser. A Capital do Oeste é a principal cidade do Distrito 4640 do Rotary. E o Distrito 4640, com 104 clubes e mais de três mil associados, vem a ser o maior da América do Sul. É o ponto geográfico escolhido para a presidente celebrar os 100 anos do Rotary no Brasil.

Com horários cronometrados, a agenda da presidente internacional do Rotary prevê um almoço por adesão no Clube Comercial, um passeio pela rodovia 163 inacabada, com paradas em Capitão Leônidas Marques e Francisco Beltrão, onde mais de mil convivas são esperados para recepcioná-la em jantar.

O Rotary Internacional é uma associação de clubes de serviços cujo objetivo é unir voluntários de diferentes profissões a fim de prestar serviços humanitários, promover valores éticos e a paz.

Cascavel tem dez clubes rotarianos e mais de 400 membros. Se hoje a cidade é referência na oncologia e se transformou em polo de saúde, muito se deve ao Rotary. Foram rotarianos como Ciro Kreuz, Sergio Donadussi, Leopoldo Furlan, Pedro Martendal e Divo Zago, entre outros voluntários, que trouxeram a bomba de cobalto ao Hospital Regional, como o HUOP era conhecido nos anos 1990. A bomba foi precursora da Uopeccan, instituição que se agigantou no tempo e hoje faz quase mil atendimentos na cidade, com expansão para Umuarama.

A presença de Jeniffer à frente da instituição traz outros significados. Ela é a primeira mulher a presidir a organização internacional em 118 anos. Até o relativamente recente ano de 1989, mulheres não podiam associar-se ao clube. A ela era designado um espaço separado na Associação das Senhoras Rotarianas, uma espécie de apartheid de gênero, superado pela ascensão feminina sem paralelo no século XX. E a visita da primeira presidente acontece às vésperas do Dia Internacional da Mulher, a ser celebrado na próxima quarta-feira (8).

“O nome dela é Jennifer”, palavras que dão título a esta reportagem, foi hit musical em 2019. Da letra da canção intepretada por Gabriel Diniz não é possível tirar algo que possa inspirar um rotariano a mais uma boa ação. Então é melhor fechar o texto com a prova quádrupla do Rotary, um conjunto de princípios e valores que regem a convivência entre pessoas livres: Do que nós pensamos, fazemos e dizemos: 1) É verdade? 2) É justo para todos os interessados? 3) Criará boa vontade e melhores amizades? 4) Será benéfico para todos?

Welcome Jennifer, e vivas ao voluntariado das boas causas e propósitos!

Jennifer Jones será escoltada por agentes da Transitar do Aeroporto de Cascavel ao Paço Municipal: a primeira presidente internacional em 118 anos de Rotary

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O silêncio das rotativas

Formighieri era temido, poderoso e influente, e gargalhava quando comparado a Chatô – o Rei do Brasil, dono de vasto império midiático

Eu já tinha uma caminhada no jornalismo quando, no início dos anos 1990, fui convidado pelo Sefrin Filho para assumir a principal editoria do primeiro jornal semi-informatizado e colorido de Cascavel: a “Gazeta do Paraná”.

Era um desafio e tanto, aos vinte e poucos anos de idade, responder pela editoria de política daquele que ambicionava ser o maior e mais relevante jornal do Estado.

O jornal de Marcos Formighieri era um formigueiro humano: tinha muita gente, dezenas, talvez uma centena: eram o Peninha, o Serginho, o Robson, o Toninho da Luz, Tiago de Amorin Novaes, Cidinha Marcon, Donizeti Adalto, Lourival Neves e uma galera de jornalistas recém-formados “importados” de Ponta Grossa, enfim uma fauna ideológica diversificada, um micro-cosmo do que era a imprensa na época.

Exatos 31 anos depois, revisito a redação do jornal a convite do fundador, Marcos Formighieri. De cara, deparei com uma rotativa fora da área de impressão. Impressão inicial estranha. Barracões vazios, redação “fantasma”. Restavam ali alguns poucos, entre eles o longevo Vilmar. É verdade, não era hora de pico, fator insuficiente para mascarar um vazio profundo.

Poderoso chefão

Marcos me levou à sala do grande chefão de outrora, a dele própria, em outros tempos ornada com um quadro do então presidente Fernando Collor de Melo. Ali o dono da “Gazeta” recebeu, no auge, algumas das figuras mais proeminentes da República. Marcos era temido, poderoso e influente, e gargalhava quando comparado a Chatô – o Rei do Brasil, título da biografia de Assis Chateaubriand, dono de vasto império midiático analógico no milênio que passou.

“Pitoco, vou parar de imprimir a Gazeta”, confidenciou-me Marcos, falando em tom de voz abaixo do normal, quase sussurando, como se alguém outro pudesse ouvir a prosa naquele vazio. Visivelmente contrariado, Marcos fez as impressoras gigantes silenciaram neste fevereiro de 2023.

O jornalão da Rua Fortunato Beber segue o caminho de outras publicações tradicionais, “Diário do Norte” (Maringá), “O Presente” (Marechal Cândido Rondon) e – quem diria – a outrora gigantesca “Gazeta do Povo”, publicação que colocava governadores de joelhos, sabujando o notório Francisco Cunha Pereira Filho, dono também da RPC (in memoriam).

A morte e a morte

Segundo o decano da imprensa escrita local, Heinz Schmidt, o “Alemão”, trazer um jornal impresso para um portal na internet é conduzi-lo para algo equivalente a uma segunda morte.

De minha parte digo com convicção que não sou melhor empreendedor que o Marcos, o Cunha Pereira ou o amigo Arno, do jornal “O Presente”. Mas mantenho o que disse por ocasião do aniversário de 25 anos do Pitoco: Fique vivo, amigo leitor, e salve essa data, você está convidado para celebrar comigo os 50 anos do jornal, em 27 de janeiro de 2.047.

Texto produzido originalmente para o Pitocast, o podcast do Pitoco. Você pode acompanhar meus pitacos também no 93.1 da rádio T, diariamente às 7h40, ou pelo instagram no jairo.eduardo.pitoco)

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Folclore político

Prefeito do Oeste do Paraná conhecido pela irreverência recebe assustado a conta de um restaurante em Brasília:

Companheiro de profissão não tem desconto?, pergunta o alcaide.

Ah, o senhor também tem restaurante?, diz o gerente.

Não, eu também sou ladrão!, arremata o prefeito.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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