Fale com a gente

Pitoco Desfile de cortes na avenida

Paranhos silencia o rufar dos tambores no 7 de setembro e agudiza a corneta da oposição

Publicado

em

Qual é a real situação no caixa da Prefeitura de Cascavel?

Dia da Redentora para os saudosistas e data em que o paço municipal se rendeu aos números. Olhando para o buraco que se avizinhava, o prefeito Leonaldo Paranhos determinava cortes nos gastos, começando em seu próprio holerite, que já no mês seguinte viria 15% menor, mesma medida adotada para o primeiro escalão do governo.

Outras ações viriam: venda de imóveis do município-imobiliária, entre eles o Estádio Ninho da Cobra, há muito servindo unicamente para ninhadas de quero-queros. Medidas administrativas davam a noção da urgência: o índice do ITBI foi achatado para fisgar os inúmeros contratos de gaveta que aguardavam um momento de sufoco para as devidas transferências e recolhimento de impostos.

A medida mais barulhenta foi tomada na última quarta-feira (30). A canetada do prefeito fez calar o rufar dos tambores do 7 de Setembro. Pela primeira vez em décadas, ou talvez em toda sua história, Cascavel não terá o desfile na Semana da Pátria. A economia com a medida, segundo o Paço, passa de meio milhão de reais.

Estefano Anzoategui, tradicional Papai Noel da cidade, terá que descer as paredes do Copas Verdes em sua versão fitness: o orçamento de R$ 4 milhões do Natal está com o saco vermelho furado e será reduzido a 30% do original.

CIDADE QUEBROU?

“Cascavel está quebrada”, dizem os opositores. “Paranhos afundou as contas do município com empréstimos”, prosseguem eles. Percebendo o barulho que faria para silenciar o rufar dos tambores no 7 de Setembro, o prefeito convocou uma entrevista coletiva.

“Os convênios com a União estão parados desde abril do ano passado, os municípios estão com problemas na captação e as receitas do Fundo de Participação caíram”, resumiu Paranhos antes de passar a palavra para o secretário Thiago Stefanello.

Coube ao adjunto desfiar o Power Point. Nas “lâminas” a maioria das setas apontam para baixo. O que sobe mesmo – e ao infinito – é o custo da folha de pagamento.

Stefanello apresentou as dores do crescimento. A cidade recebeu mais de 40 mil almas desde 2017. “Esse pessoal todo precisa de atendimento e para isso é preciso ter estrutura e gente para atender”, explicou o secretário.

Segundo ele, em 12 meses, de 2022 para 2023, a lagarta gorda da folha de pagamento devorou R$ 130 milhões a mais. No sentido oposto, de janeiro a julho, a queda na transferência do ICMS foi de R$ 128,6 milhões mo ano passado para R$ 123,2 milhões neste ano. A transferência para o setor de saúde por parte do Estado caiu de R$ 15,2 milhões para R$ 11,2 milhões.

Qual é a real nas contas de Cascavel? O Pitoco pesquisou na fonte oficial, a nota de crédito que o Banco Central concede aos municípios. Paranhos assumiu o leme quando a nota de risco era “C”. Chegou a trazê-la para “A”. Hoje a nota escorregou para o “B”. Restou a Paranhos adotar a letra “C” de cortes, incluindo o tradicional 7 de Setembro, fator que irá silenciar os tambores do desfile, mas agudizar as cornetas da oposição.

Paranhos convocou uma entrevista coletiva para passar o Power Point: folha de pagamento explodiu e o crédito da Prefeitura no Banco Central escorregou

Em tempo: se haverá alguém aliviado com o cancelamento do desfile é o general Américo, comandante da 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada. O serviço de inteligência havia interceptado a organização de manifestações hostis de bolsonaristas no desfile do Exército em Cascavel. Questionado pelo Pitoco no último dia 25, antes do cancelamento, o general demonstrou tranquilidade: “Haverá mais aplausos que vaias”, disse, encurtando a conversa.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Um lugar ao Soleil

Os três aspectos históricos no entorno do maior edifício da cidade de Cascavel

O maior edifício da cidade, sob outro ângulo. A fotografia (cuja autoria não conseguimos confirmar) a partir de um drone ou de outro edifício das vizinhanças, mostra o Soleil Residence emergindo no Marco Zero da cidade de Cascavel.

Há várias simbologias históricas aí. O Marco traz em suas franjas três aspectos relacionados: 1) ali no entorno está a famosa “Encruzilhada”, formada pelo encontro da Avenida Brasil com a Tancredo Neves, citada inúmeras vezes pelos historiadores Alceu Sperança e Vander Piaia; 2) A Praça do Migrante, o mais belo e significativo monumento de Cascavel, cujas rampas apontam para as regiões de onde vieram os migrantes – a maior delas, voltada para o Sul; 3) A 50 metros do gigante, na Pio XII com Brasil, estava o primeiro predinho da cidade. O pioneiro da verticalização foi desmontado tijolo por tijolo como um brinquedo de lego em logística reversa.

O Soleil tem a dimensão semelhante de outros três prédios, o Abraham Lincoln, Jardins e Giardino, porém está em um ponto mais elevado. O edifício do Marco Zero permanecerá no topo da cidade até que o Heritage – em construção pela JL na alto da Neva – tenha a estrutura concluída.

Você ainda pode ter um lugar ao sol nos 320 metros quadrados privativos, quatro suítes e igual número de garagens ofertados pelo Soleil (desde que não seja nas duas coberturas, já contratadas). Das 42 unidades ofertadas (duas por andar), 33 estão vendidas. O Soleil – de histórica vizinhança – leva a assinatura da Wust & Casarotto e da NBC.

Em tempo: O migrante que chegou à encruzilhada em veículo de tração animal nos anos 1940, em dúvida se seguia para a direita (em direção a Toledo) ou a esquerda (Foz do Iguaçu), jamais poderia imaginar os contornos que aquele local ganharia décadas mais tarde. Se pudesse ver o Soleil e seu entorno, possivelmente optaria por concluir a odisseia migratória por ali mesmo.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

pitoco@pitoco.com.br

Copyright © 2017 O Presente