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Quem é Maico Francisco, investidor milionário que vai estrear nas urnas em 2024 vislumbrando meteórica carreira política?

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De adolescente que viu sua família humilhada pela pobreza na periferia de Cascavel a empreendedor de sucesso

Maico com os filhos Mallony, Tayron, Josh e Shophie: “momento de retribuir as
oportunidades que Cascavel proporcionou”

Ainda na adolescência, Maico Francisco assistiu duas cenas que marcariam sua vida. As duas ambientadas em um mesmo local: o loteamento Vale do Sol, região do Parque Verde, na porção Oeste de Cascavel.

Cena 1: uma casa modesta, de madeira, chega na carroceria de um caminhão ao meio lote que o pai dele acabara de adquirir, pelo qual ofertou de entrada uma linha telefônica – único bem que restou a família após a falência. Sim, na época vendia-se e comprava-se linhas telefônicas. Representava um valor razoável, mas era apenas o sinal de incontáveis prestações .

Casas na carroceria era algo relativamente comum na época. Famílias de poucas posses compravam casas antigas que estavam em regiões mais valorizadas e que seriam demolidas. Eram então vendidas e deslocadas para a periferia por um preço mais em conta. Em algumas circunstâncias, eram entregues só pelo frete.

Cena 2: No mesmo endereço Maico viu a família humilhada, sem poder pagar as parcelas e por muitas vezes com atraso e acumuladas, pois mal faziam para comer, ao ponto de, repetidas vezes, receberem notificações de despejo, sob ameaças e agressões verbais. O negócio, no ramo de fábrica de camas e móveis, fora mal e as dívidas se avolumaram. Havia outras humilhações no entorno. O jovem cansou de ouvir na rua que aquela casinha “enfeiava o bairro”.

Assistindo aquilo tudo, Maico não se conteve: “Um dia serei um profissional muito bem-sucedido para nunca mais ver os meus humilhados por gente igual você”, disse para a credora que gritava com o pai, ameçando atear fogo na casinha de madeira.

Você vai ganhar dinheiro na vida moleque? Só se for traficando drogas, disse a mulher.

Aquelas palavras calaram fundo em Maico Francisco. E mexeram com seus brios. O jovem sabia o que a família havia passado para empreender no ramo moveleiro. Nascido na Serra Gaúcha, em Canela, Maico chegou ao Oeste do Paraná por Marechal Cândido Rondon, onde os avós labutavam no sítio, e por meados de 1993 aterrissou na Capital do Oeste.

VEIA EMPREENDEDORA

No terceiro ano ano primário, com tenros 9 anos de idade, o menino já manifestava um espírito empreendedor juvenil. “Passei a produzir picolés para vender. Eu mesmo fazia, inclusive o geladinho. Não era difícil, água, açucar, corante e quatro sabores diferentes, vendia muito”. Parte da renda era destinado aos pais para ajudar nas despesas da casa.

Aqui surgia precocemente uma outra caracteristica de Maico Francisco: compor equipes de venda. “Notei que a escola não tinha cantina. Então recrutei alguns meninos para vender picolés e geladinhos no portão da escola. No final da tarde, eles iam até minha casa fazer o acerto e receber as comissões”, relata.

Mais tarde o menino fez de tudo um pouco: foi panfleteiro, servente de pedreiro, auxiliar de marceneiro, vendedor de rodos e vassouras (dirigindo uma Belina velha pela cidade aos 14 anos de idade ), carga e descarga de caminhões de madeira, o que viesse…

Mas foi olhando para a profissão do pai, representante comercial, que ele começou a dispersar a “maldição pinxada” pela credora que tentou expulsar a já flagelada família da velha e despedaçada casinha de madeira no Parque Verde. Maico visitou uma fábrica de calçados e brinquedos pedagógicos. E ali se ofereceu para vender.

“Me olharam de cima abaixo como quem diz: esse moleque vende alguma coisa? Peguei o mostruário e fui para a rua. Então percebi que nem roupa eu tinha para me apresentar aos clientes. Encontrei no lixo um sapato social furado, pintei de preto, remendei o buraco, coloquei uma pastinha embaixo do braço e fui visitar os camelôs e pequenos lojistas. Voltei para indústria com meia dúzia de pedidos, levaram um susto”, relata.

ELA, RENI MUFFATO

Pensar grande ou pensar pequeno dá o mesmo trabalho, costuma dizer aquele coach instagramado após ligar seu Corsa e seguir adiante com suas frases feitas. Isso não precisava ser dito para Maico Francisco. Ele tinha o maior respeito pelos clientes mais humildes da fábrica de brinquedos, mas sabia que aquilo seria insuficiente, embora já fosse o maior vendedor da equipe.

Certo dia colocou uma ideia fixa na cabeça. Precisava testar suas qualidades de adolescente-vendedor com alguém grande. “Vou visitar a dona Reni Muffato”, pensou com seus botões. Reni é co-fundadora da maior rede varejista do Paraná, mãe do trio Everton/Ederson/ Eduardo e – à época – era a compradora do varejo.

“Cheguei na ante-sala de dona Reni e olhei para os demais vendedores que esperavam em uma fila. Todos estavam melhor vestidos. Eu tinha ido até lá de ônibus, tava até meio suado. Chegando minha vez ela olhou com alguma empatia para aquele menino que queria se parecer um homenzinho. E fez um pedido grande para todas as lojas do grupo. Quando cheguei à indústria, olharam para minha pastinha e disseram: hoje foi fraco, só um pedido… Mas quando viram o logotipo do Muffato e o tamanho da compra, levaram quase um mês para produzir tudo que vendi”, relata Maico.

ERROS E ACERTOS

Pensar grande passou a ser o mantra. Percebendo-se bom vendedor e mais confiante, Maico Francisco ingressou no mercado imobiliário, onde os produtos oferecidos tinham um valor agregado no qual as comissões poderiam realmente mudar o rumo da vida dele. Nos primeiros 15 dias de batente e muita sola de sapato surgiu a possibilidade de um grande negócio, algo, no dinheiro de hoje, para R$ 10 milhões. Deu certo, sua primeira venda foi uma área para loteamento.

Ali a vida começava a mudar, embora o jovem tenha cometido alguns erros na caminhada. Em um deles, o Corsa volta à pista. “Ainda menor de idade eu já tinha uma Honda CG adquirida por consórcio, mas sempre quis ter meu carro. Então, com 18 anos já havia feito alguma grana. Foi aqui que cometi o erro de muitos. Com o dinheiro que comprei um Corsa, poderia ter dado a entrada no condomínio de chácaras Portal do Vale, ali no Parque Verde. Errei, fiquei com o carro. Veículo é gasto, não é investimento”, relata.

MANICÔNIO TRIBUTÁRIO

O pulo do gato para o ex-vendedor de picolés estava por vir. Já apresentado para gente de posses, cultivando-a em sua rede de contatos, Maico Francisco passou a estudar o manicônio tributário brasileiro. E pegou gosto pela coisa. Transformou-se em um especialista no ICMS, a ponto de ser consultado periodicamente por advogados tributários renomados do Paraná e contadores de longa data. Hoje a pasta de clientes dele inclui gente grande do agronegócio, empresas bilionárias do setor, atacadistas e varejistas de projeção nacional.

Agora, na condição de investidor no mercado imobiliário e no agronegócio, empresário bem-sucedido, que atingiu sua meta de conquistar o primeiro milhão antes dos 30 anos, como ele reagiria se reencontrasse a pessoa que havia humilhado sua família e ameaçado atear fogo na casinha madeira??

Pois o reencontro aconteceu. A credora agressiva e impiedosa de outrora percebeu, com indisfarçável espanto, que as palavras do adolescente, lá atrás, se fizeram realizar.

“Serei prefeito de Cascavel”

“Sempre pensei grande, desde criança eu queria mudar a história de minha vida e de minha família, e aos 6 anos de idade eu já tinha um outro propósito que nunca comentei com ninguém: disputar eleição, entrar na política para ajudar o meu povo! Vou entrar pelo primeiro degrau, a Câmara Municipal, vou construir uma carreira e chegar à Prefeitura de Cascavel e depois o céu não é o limite!”, afirma convicto.

As palavras soam naturais na fala de Maico Francisco. Ele conteve a veia política por anos, aguardando o timing correto. “Sei que alguns olham os mandatos públicos como profissão, como jeito de ganhar dinheiro e se dar bem na vida. Penso diferente. Primeiro conquistei com muito trabalho a independência financeira. Não venho para me ajeitar, não preciso. Venho para retribuir tudo que esta Cascavel maravilhosa me ofereceu de oportunidades profissionais para crescer”, disse.

Para Maico, perfis como o dele, construídos na selva insana da iniciativa privada, onde é preciso matar um leão por dia e encontrar soluções para problemas complexos, agregam na vida pública, compartilhando saberes obtidos nas circunstâncias mais adversas do mundo corporativo.

Na condição de pré-candidato à vereança, Maico Francisco põe o pé no primeiro degrau, mas com o olhar lá no último. “A escadaria da vida, da profissão ou da carreira política é ilimitada e toda longa caminhada pede o primeiro passo, é o que farei agora”.

Para o pré-candidato, Cascavel permite sonhos grandes. “O município tem receita, riquezas, empreendedorismo, capital humano. Cidade com essas características tem que pensar grande, precisa ser movida por projetos arrojados que derrube porteiras protecionistas e se abra para o mundo da tecnologia e dos grandes investimentos”, defende Maico.

Determinado a atuar para atrair investidores arrojados, Maico Francisco defende um outro papel para o legislador, que supere o varejinho político que marca a atuação parlamentar no Brasil. “Atuarei com ações desburocratizantes, que dinamizem o ambiente de negócios na cidade. O segmento de serviços e a cadeia do agro são ativos fundamentais para este grande salto adiante. Cascavel pode mais!”, enfatiza.

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Por um prefeito malvadão!

“Vou tomar uma série de medidas impopulares, antipáticas, mas necessárias. Para tanto, comunico que não irei à reeleição e nem apoiarei alguém à minha sucessão”

Há quem diga que o melhor prefeito da história de Cascavel é fulano. Outro diz que é beltrano. Tem ainda quem aponta, em bom caboclês, o sicrano. Não é trivial apontar o melhor em épocas tão distintas. Da década de 1980 para baixo era outra cidade, outro planeta.

Seria mais razoável dividir a história em dois ciclos, mais ou menos assim: primeiras três décadas, fulano foi o melhor prefeito. No conjunto das décadas seguintes, beltrano desempenhou melhor. Ficaria mais justo assim, compartimentando a história, distribuindo-a em gavetas temporais, abarcando o conceito sociológico conhecido pela palavra germânica “Zeitgeist”, que pode ser traduzida como “espírito da época, ou espírito do tempo”.

E agora cascavelense, que perfil ensejamos para o prefeito da segunda metade da terceira década do século XXI? Particularmente, acredito que a cidade precisava eleger um prefeito malvadão. Alguém que chegasse e dissesse sem cerimônias: “vou tomar uma série de medidas impopulares, antipáticas, mas necessárias. Para tanto, comunico que não irei à reeleição nem apoiarei alguém para minha sucessão”. Confira aqui alguns eixos da plataforma de campanha do prefeito malvadão:

1) Passeio público: todas as calçadas da cidade irão respeitar cadeirantes, idosos, mamães e seus carrinhos do bebê, e arborização. Quem não se adequar será notificado para em 30 dias começar a obra. Não começou no prazo, a Prefeitura multa o proprietário, faz a calçada e lança os custos para o infrator pagar junto com o IPTU.

2) Barulho: blitz diárias da Transitar irão fiscalizar escapamentos adulterados de motocicletas e veículos. Configurada a alteração, multa, guincho e pátio. Equipes do Meio Ambiente fiscalizar abuso de barulho no comércio e carros de som. Abusou multa, reincidiu, caça o alvará.

3) Limpeza: a Guarda Municipal, em rondas diárias e auxiliada por câmeras projetadas no centro de monitoramento, vãi fiscalizar o descarte irregular de lixo, seja de volumosos como móveis velhos, seja da bituca de cigarro descartada na rua. Multa nos porcalhões, sem dó nem piedade.

Haveria ainda uma infinidade de outras maldades para incluir neste rol, como o fim do loteamento político e do empreguismo, avaliação de desempenho do funcionalismo e desmonte da indústria do atestado médico, entre outras. Vale dizer: todas elas tiram mais votos que dão. Subtraem prestígio e popularidade do político. Por essa razão prefeito malvadão não se cria e nem se elege. Envenenados pelo jeitinho brasileiro, estamos condenados a ser governados por gestores públicos “bonzinhos”.

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Sem essa de paredão!

Cascavelense é líder no segmento premium de móveis; líder não vai para o paredão enquanto for líder e nada indica que Roberto Vilella deixará a liderança tão cedo

Ninguém está a mais de cinco ou seis contatos de ninguém no planeta Terra. Em outras palavras, se minha rede de contatos for bem azeitada, através do coroinha é possível chegar ao Papa Chico, intermediado pelo padre, bispo, arcebispo, cardeal…

Foi assim que, em meados de outubro do ano passado, o empresário cascavelense do ramo moveleiro Roberto Vilella viu-se passeando em carrinhos elétricos de golfe em um área de 1,73 milhão de metros quadrados ao lado do Parque Estadual da Pedra Branca, no bairro de Jacarepagua, no Rio de janeiro. Ali funciona o maior centro de produção de conteúdo televisivo da América Latina e um dos maiores do mundo, o Projac, da Rede Globo.

Roberto fora indicado por sua estelar rede de contatos que inclui um cast de artistas que vai do veterano Zezé di Camargo às novas celebridades da música Country, como Ana Castela, convidada especial de Roberto Carlos na virada de 2023 para 2024.
E ali estava o cascavelense, no Projac, diante de alguns dos mais renomados arquitetos do Brasil, ajudando a rechear a casa que abrigaria o Big Brother Brasil (BBB), versão 2024. O BBB, ao lado do futebol, novelas e Carnaval, está entre os programas de maior faturamento e visibilidade da Globo.

CONFESSIONÁRIO

Foi desta conversa que surgiu a encomenda urgente. A indústria de móveis de Roberto Vilella, a Cordasso, instalada em mais de 5 mil metros de barracões na rua do Cowboy, nos Pioneiros Catarinenses, em Cascavel, tinha que por os criativos para criar e o chão de fábrica para tremer.

Em um prazo de pouco mais de dois meses, era preciso produzir poltronas, sofás, aparadores e mesas para a casa mais vigiada do país. Sim, entre tantos outros pretendentes do Brasil todo, Roberto foi escolhido para fornecer móveis de alto padrão para o BBB.

A peça de maior visibilidade é a poltrona do confessionário. A encomenda agregava alguns desafios. A casa é temática, inspirada em conto de fadas, mais especificamente em “Alice no País das Maravilhas”. Pedia algo clássico em detalhes dourados. Roberto e sua equipe deram conta do recado e a poltrona, bem

como os demais ítens contratados, foram prontamente aprovados com rasgados elogios pela equipe da Globo. Nada mal para a família de três gerações na indústria de madeira que começou em modestíssimas instalações no eixo Tupãssi/Assis Chateaubriand e soube, ao longo do tempo, encontrar um nicho de mercado e as pessoas certas nos lugares certos para uma sacada de projeção nacional.

CASA DO BILHÃO

Anunciantes como Nestlé, Mercado Livre, Ifood, Latam, Chevorlet, Mc Donalds e Amstel estão investindo, cada um, R$ 144 milhões para serem vistos no BBB. Até o final da semana passada, os patrocinadores já tinham aportado, juntos, mais de R$ 1 bilhão aos cofres da Globo.

Quanto coube investir ao cascavelense Roberto Vilella? R$ 150 mil. Ainda assim, porque ele decidiu presentear o vencedor do BBB com os móveis. Se não quisesse, o contrato de comodato lhe permitiria trazer de volta a peças ao término do programa. “Já avisei meu amigo Zezé, pai da Wanessa Camargo, que estou torcendo muito. Farei questão de doar para ela os móveis que estão no BBB”, disse Roberto Vilella, professor emérito, mestre e doutor em networking.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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