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Silvana Nardello Nasihgil

Crianças erotizadas

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Silvana Nasihgil

Hoje quero partilhar com vocês uma reflexão: tenho observado que hoje em dia as crianças estão muito erotizadas. Fácil ver isso nas redes sociais, Tik Tok com dancinha de músicas com letras totalmente sexuais, crianças incentivadas pelos familiares a falar sobre seus namoradinhos de escola, roupas inadequadas para a idade, maquiagem e por aí vai…

Se pesquisarmos sobre o tema vamos encontrar textos dos mais diversos. A grande maioria fala que não existe idade para começar a namorar. Diante dessa aceitação social, as crianças e pré-adolescentes estão se envolvendo cada dia com mais frequência em relacionamentos afetivos e sexuais.

O que me preocupa é a falta de conhecimento sobre tudo que essas crianças possuem. Não conhecem o próprio corpo, e nem teriam como, já que estão em transformação diariamente. Sabem pouco sobre afetividade de pares, não possuem responsabilidade emocional e sobre a sexualidade possuem pouco ou quase nada de conhecimento.

Muitos têm a internet como guia e se perdem vendo filmes pornô e publicações duvidosas. Sim, as crianças, pré-adolescentes e adolescentes acessam filmes pornôs na internet.

Aparentemente está tudo muito bem, e a maior desculpa é que hoje as crianças possuem um nível maior de informação e amadurecem mais cedo.

Se informação se baseia em experiências práticas e na permissividade assistida que muitos vivem, então estamos andando na contramão.

Estamos vendo uma geração de jovens e daqui a pouco adultos que não estão interessados em relacionamentos reais. Ficar virou palavra de ordem, parece interessante, pois não tem responsabilidade nenhuma. Assim, vai se construindo valores onde o outro só serve se for fonte de prazer. Quando a brincadeira deixa de suprir as necessidades é fácil descartar como se nada tivesse acontecido.

Diante disso tudo eu me sinto profundamente preocupada. Como se construirão as relações de afetividade real, de amor, parceria, responsabilidade, cuidado, respeito e dignidade?

Quando avaliamos as relações como brincadeiras em um parque de diversões, como esperar que o futuro sozinho construa relações verdadeiras e consistentes?

O futuro está batendo à porta e como estamos respondendo a todas essas demandas?

Vejo pais temerosos em discordar dos filhos, de repreendê-los quando necessário, pois esquecem das suas responsabilidades de cuidadores e para facilitar a vida, cada um faz como quer. E assim, infelizmente, está caminhando a humanidade.

Queremos um mundo melhor, pessoas melhores, gente que se importa, que tenha responsabilidade consigo e com os outros.

Falamos lindamente sobre isso, mas o que estamos ensinando?

É importante rever esses conceitos e o caminho que estamos trilhando, porque se continuarmos assim, muito em breve teremos pessoas que entenderão muito de permissividade, sexualidade e perversões e nada de afetos e amor.

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

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