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Editorial

Ao invés de segunda guerra, segunda ponte

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Uma relação de amizade e negócios entrou em uma nova fase essa semana. Brasil e Paraguai terão mais uma ligação por via terrestre, com a construção da segunda ponte entre os dois países. O início das obras, que devem ser concluídas em três anos, é o símbolo de uma união entre longevos amigos, que já dividem, por exemplo, a usina de Itaipu Binacional, a maior geradora de energia limpa e renovável do planeta.

A nova ponte terá investimento de quase meio bilhão de reais, incluindo as obras da perimetral Leste, uma via de acesso direto entre a Avenida das Cataratas e a BR-277. A Ponte Internacional da Integração, como foi batizada, será paga integralmente com recursos de Itaipu e gerenciada pelo Governo do Estado do Paraná. Os 760 metros de comprimento serão suficientes para atravessar o leito do Rio Paraná e criar mais um instrumento de progresso e desenvolvimento entre os dois países.

A ponte vai receber o tráfego de veículos pesados, como os bitrens carregados de milho e soja que passam todos os anos de lá para cá, com destino ao Porto de Paranaguá e às indústrias cerealistas brasileiras. E de cá para lá, com fertilizantes e outros insumos agrícolas que chegam aos portos do Brasil para serem levados ao interior da América Latina (o Paraguai não tem acesso ao mar, o que teria sido o grande motivo para a Guerra do Paraguai, travada contra Brasil, Argentina e Uruguai e que mudou radicalmente o perfil do país, tornando nossos hoje amigos em um dos mais pobres do continente pela falta de população por conta das mortes da guerra).

Os anos passaram, a guerra ficou na história e a paz voltou a se instalar, mas nem tudo são flores nessa amizade entre os países. Há problemas sérios que precisam ser resolvidos, como o contrabando de armas, que abastece as grandes facções criminosas do Brasil, o tráfico de drogas, que alimenta vícios e inúmeros crimes do lado de cá, como roubos de veículos, são notadamente os mais sérios.

Brasil e Paraguai precisam integrar-se também para diminuir (provavelmente nunca vai acabar) esse tipo de situação. Seria muito interessante, neste momento, criar uma política internacional que voltasse os olhos mais acentuadamente para este tema. A insegurança, comum nos dois países, mas muito mais no Brasil, é um assunto que merece mais atenção e determinação dos governos dos dois países. São raras as ocasiões, por exemplo, em que as forças policiais trocam informações entre si, trabalham unidas, para desbaratar essas perigosas quadrilhas instaladas na região da tríplice fronteira. É uma guerra que agora une os países.

Um novo momento é vivido entre Brasil e Paraguai, com a expectativa de bons negócios, infraestrutura, tecnologia, mas também renovação dos laços de amizade. É um momento histórico para os dois países, que devem ganhar muito com essa grandiosa obra, especialmente a região de Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este.

Como é bom ter a oportunidade de escrever novos capítulos na história entre os dois países. De guerra chega o que se tem no Brasil. O que o povo quer mesmo é mais pontes para amizade, para integração.

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