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Editorial

Climão e um pé atrás

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O clima político no Brasil está tenso, muito tenso. Tenso como há muito tempo não se via. As manifestações de 07 de setembro mostraram a disposição de milhões de brasileiros, que saíram às ruas em atos que tinham como retórica o patriotismo, mas que também acumulavam, em seu pano de fundo, uma dose de política.

Em Marechal Cândido Rondon, as buzinas de carros, tratores e caminhões soavam em amor à pátria e, também, a favor do presidente Jair Bolsonaro e contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), assim como em todo o Brasil.

Foram milhões de pessoas bradando gritos de patriotismo, mas também estimulando atos que ferem a democracia.

E o clima esquentou mesmo entre o presidente Jair Bolsonaro e os ministros do STF, especialmente Alexandre de Moraes. Sem medo de consequências – e obviamente sabendo que elas viriam, Bolsonaro fez críticas acaloradas que apimentaram ainda mais o ânimo de seus apoiadores.

Nos dias que sucederam o 07 de setembro mais estranho dos últimos anos, sem desfiles, sem paradas, sem homenagens, veio o contra-ataque do STF.

O Congresso, nesse cenário, sinaliza que pretende ser o balizador, o mediador dessa difícil relação entre Executivo e Judiciário.

Só o fato da palavra golpe começar a ser usada por autoridades, lideranças políticas e pela mídia já é o suficiente para entender que o clima não está nada bom. As notícias falsas só amplificam as coisas.

Não bastasse o climão, uma parcela de caminhoneiros começou uma paralisação que, ao que parece, enfraqueceu antes de causar estragos ainda maiores para a economia do país e na vida das pessoas. Menos mal.

Na tarde de ontem (09), Bolsonaro deu uma pequena recuada. Em uma declaração à nação, citou que o país se encontra dividido entre instituições, mas enalteceu que nunca teve nenhuma intenção de agredir quaisquer dos poderes. Disse ainda que sabe que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news e que suas palavras em discurso decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.

Entre outras questões, declarou que em uma democracia o trabalho entre Executivo, Legislativo e Judiciário é em favor do povo, respeitando a Constituição, e finalizou agradecendo o apoio de seus simpatizantes.

Isso pode melhorar o clima dos últimos dias.

Parece que a relação entre Executivo e Judiciário foi apaziguada, ao menos nas próximas horas, mas está longe de um final feliz. Essa crise institucional, que não beneficia em nada o povo brasileiro, vai ter muitos capítulos pela frente.

O que se espera é que o clima melhore para que as lideranças consigam focar nos reais problemas do Brasil: a pobreza, a desigualdade, a falta de emprego, a inflação, o combate à Covid-19, entre outras questões que realmente exigem o emprego de esforços.

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