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Editorial

Governo ridicularizado

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O governo federal só queima combustível, sem potência nenhuma nem mesmo na descida íngreme em que se encontra o país. Michel Temer e sua ineficiente equipe do gabinete de crise conduzem mal e porcamente as negociações para o fim das paralisações. A greve entra hoje (29) em seu 9º dia, com reflexos em todos os setores da sociedade, mesmo depois de acordos que o governo diz ter feito e ameaças claras ao movimento.

Na quinta-feira (24), anunciou um acordo às pressas, que não surtiu efeito nenhum. No dia seguinte, azeitado com a habitual arrogância, ao ver seu plano sucumbir e as filas ganharem ainda mais corpo nas principais rodovias do país, disse que usaria a autoridade do Estado para acabar com a crise, mas foi ridicularizado pela continuidade dos protestos. No domingo (27), mais um acordo anunciado, em meio a um panelaço nacional, fez ecoar a descredibilidade retumbante que Temer e seus parceiros têm. Grande parte dos manifestantes deu de ombros.

Mesmo diante de supostos acordos, Temer mostra a fragilidade de um governo que está com o tanque vazio. A solução, espera, é reduzir impostos do óleo diesel e aumentar em outras áreas, o que não faz sentido algum porque não é a população que precisa pagar essa conta. Sequer tem argumentos e justificativas que pareçam óbvias e sensatas. Está atirando sem fazer a mira.

Ao completar nove dias, a greve traz enormes prejuízos à sociedade brasileira. O setor econômico amargura perdas, os combustíveis sumiram das bombas, itens alimentícios estão escassos e mais caros, faltam remédios nas farmácias e hospitais, a produção de proteína animal – carne, leite e ovos – está à beira de um colapso, as escolas e universidades pararam as aulas, o transporte público deixou de rodar. O lixo se acumula nas ruas, as indústrias mandaram seus funcionários para casa, os aviões foram mantidos em solo.

Temer viu tudo isso acontecer bem debaixo do seu nariz, dia após dia, mas, quase alheio, em uma inércia injustificável para um presidente do Brasil, tomou somente decisões ineficazes e que colocaram mais gasolina, digo, lenha na fogueira.

A alta carga tributária que incide sobre os combustíveis é a raiz da questão. Os altos custos de operação e administração da Petrobras também são problema. O cabide de empregos na estatal, o monopólio no refino, tudo contribui para a formação de preços incompatíveis com a realidade vivida pela população brasileira, pelo menos para a ampla maioria.

Mais que o preço do combustível, há quem apoie a greve por que não aguenta mais o autoritarismo de um governo que suga dos trabalhadores para cobrir seus rombos estratosféricos ligados à corrupção. O povo quer o diesel mais baixo, mas quer também um governo competente, que não troque impostos de lugar e que tenha capacidade de enfrentar crises como a que se desenha. Mais que combustível barato, o brasileiro merece governantes competentes e leais, que demonstrem capacidade de diálogo e de conduzir uma nação. Não são só os centavos. Enquanto o acordo não vem, o povo paga.

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