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Editorial

Mais do mesmo até quando?

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É, meus amigos, não é uma questão de governo, é uma questão de Brasil. Por aqui, nada que tenha relação com o governo federal vem fácil, é rápido, tem excelência e é bom, bonito e barato. Ao contrário. Quando se fala em obras, então, é de chorar. Mais uma vez haverá paralisação em obras importantíssimas na região Oeste.

A culpa, só pra variar, é a falta de recursos. Cinco anos depois de iniciada, em setembro de 2014, as obras de duplicação da BR-163, no trecho entre Marechal Cândido Rondon e Toledo, vão voltar ao abandono. É a segunda vez que as obras estão parando pelo mesmo motivo. E olha que não se trata de uma faraônica obra que depende tanto dinheiro assim. São alguns quilômetros de duplicação, mais nada. Pouco mais de R$ 300 milhões, a maior parte já investido.

Há absoluta convicção por parte da população de que esse dinheiro certamente poderia vir de outras fontes, como as regalias parlamentares, os jantares e as diárias com viagens desnecessárias, dezenas de assessores para um parlamentar. Não é de hoje, o Brasil administra mal a sua fortuna. Põe dinheiro onde não precisa, tira de onde não deve.

Para o motorista que a conta-gotas recentemente recebeu de volta seus impostos em forma de 15 quilômetros duplicados, para o motorista que passava pela rodovia e via as obras a plenos pulmões, com homens e máquinas trabalhando que nem gente grande, fica mais uma vez a frustração. Não somente para os motoristas, para toda a comunidade regional e visitantes que passam por aqui, afinal, uma obra dessa importância interfere na vida, no cotidiano e nos negócios das pessoas, além de oferecer invariavelmente mais segurança no trecho entre as duas cidades.

Aliás, os cortes não afetam somente quem passa pelas duas cidades. A duplicação da BR-163 no trecho entre Cascavel e Marmelândia também será paralisada, e pior ainda, neste mês. O acesso ao Sudoeste do Paraná vai continuar uma “nhaca”.

Tudo a conta-gotas, tudo sofrido, tudo implorado. E o pior é que dessa vez não vai adiantar correr para Brasília mendigar, como todos no Brasil fazem, na tentativa de sensibilizar para retroceder. As obras vão parar em outubro e não têm prazo para serem reiniciadas. A promessa de entregar tudo prontinho até a metade do ano que vem foi pelos ares. Não se sabe nem se até lá essas obras sejam retomadas.

É assim no Brasil, meu amigo. Não são governos que precisam mudar, são mentalidades, são as maneiras de tratar a coisa pública, de legislar e governar. Obras paradas há anos, décadas se espalham por todo o país. Escolas, hospitais, creches, postos de polícia, estradas, teatros, aeroportos, há sempre uma nova história de descaso e desperdício de dinheiro público alguns quilômetros à frente ou nem tão longe assim.

A pergunta que precisa ser feita é o que fazer para mudar esse jeito esquisito e antiquado de lidar com as obras públicas. Partindo dessa premissa, e com muita vontade de mudar, é que as coisas um dia poderão ser mais fáceis ou menos desgastantes e traumáticas.

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