Fale com a gente

Editorial

Não é hora de greve

Publicado

em

A cogitada greve dos caminhoneiros, que teve adesão de uma pequena parcela desses profissionais, neste momento, deveria ser algo impensável por essa tão importante categoria. Suas reivindicações têm fundamento, mas, por sua grandeza e importância para manter farmácias, postos de combustíveis, supermercados e outros comércios abastecidos, a categoria de caminhoneiros e transportadores precisa manter-se em atividade. Não é a hora mais adequada para se deflagrar uma greve de tamanha magnitude, como a que foi vista em 2018.

O Brasil está em pleno pico da pandemia. A segunda onda de infecções corre lado a lado com a vacinação, apesar de a velocidade do vírus ser infinitamente maior que a capacidade que o país tem de vacinar os seus habitantes.

No ano passado e até agora, caminhoneiros desempenharam papel fundamental para que o caos não se instalasse em meio a uma sociedade com medo e com atividades econômicas enfraquecidas. Eles não pararam, se distanciaram de suas famílias, correram riscos que pessoas em home office não correram, ajudaram a manter a paz e a ordem. Mas, assim como caminhoneiros, outros profissionais também não pararam durante os meses mais difíceis da pandemia. Policiais, bombeiros, profissionais da saúde, recolhedores de lixo, tantos outros se sacrificaram igualmente para que o Brasil passe o mais brevemente por esse momento tão delicado.

O país tem tantas dificuldades para sanar, como achar emprego para 14 milhões de pessoas, voltar às aulas com segurança, que pauta trabalhista não deveria estar sendo ventilada nesse momento. A hora é para ajudar o Brasil.

Certamente assim como os caminhoneiros, tantos outros profissionais passaram e passam por dificuldades com a pandemia. Empresários fecharam as portas, o setor do turismo desabou. Para esses, o que queriam agora é, ao contrário dos que propõem uma greve, poder trabalhar. Mesmo não tendo as condições ideais, essas pessoas queriam estar trabalhando.

Uma greve de caminhoneiros com proporções como a de 2018 seria um duro golpe a toda população brasileira e aos esforços que empresários, entidades, políticos e trabalhadores comuns têm feito para ajudar o país a sair desse lamaçal sanitário e econômico a que a nação foi exposta. Seria um duro golpe aos empresários que lutaram e não demitiram, ao desempregado que estava prestes a conseguir uma vaga no mercado, seria um balde de água fria ao microempreendedor que acabou de abrir as portas.

No mais, é preciso que as lideranças públicas tenham um diálogo franco, justo e pacificador com as lideranças dos caminhoneiros e entidades que os representam. Não é hora de greve. A hora é de ceder de um lado, ceder de outro, ajustar-se à realidade da população brasileira e trabalhar para o país voltar a gerar oportunidades. Um país tão frágil como o Brasil não pode sofrer mais golpes do que já vem sofrendo.

Continue Lendo

Copyright © 2017 O Presente