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Editorial

Nem no papel

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Há quase seis anos atuando fortemente no combate à criminalidade na região, o Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron), ligado à Polícia Militar do Paraná, tem sido instrumento para melhorar a segurança nos municípios em que atua. Sua sede, em Marechal Cândido Rondon, no entanto, apesar dos seis anos, ainda é provisória. Viaturas, equipamentos de ponta, embarcações de patrulha, investimento em treinamento de pessoal, mas sem casa própria. O Batalhão mora de aluguel, em imóvel cedido pela prefeitura na saída Oeste da cidade.

Há alguns anos, a notícia da construção da sede própria para a unidade de polícia animou a população em geral e as classes representativas, como o comerciantes, industriais e prestadores de serviços. Foi um alvoroço comemorado com muito entusiasmo. Mas de lá pra cá o que se viu foi muita inércia e praticamente nada de concreto para fazer o Batalhão ostentar seus muros definitivamente em Marechal Cândido Rondon. A segunda Companhia, em Guaíra, também vive na pensão da administração municipal. A terceira, em Santo Antônio do Sudoeste, está com a sede própria sendo edificada, com previsão de entrega da obra para 2019.

Agora, mais um revés nessa história deixa a população rondonense desguarnecida de esperança. A empresa que estava fazendo o projeto desistiu do processo, vencido em certame licitatório. Sem dar muitas explicações, deixou o projeto e simplesmente abandonou o acordo com o Governo do Paraná. Ou seja: a sede do Batalhão de Polícia de Fronteira nem no papel está.

Tudo voltou à estaca zero, a não ser pelo terreno já adquirido e pelo recurso já liberado para a execução da obra. Aliás, está aí mais um problema. O recurso, de US$ 6 milhões, via Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), está incluído no orçamento deste ano. Se a obra não for inaugurada até dezembro de 2021, o dinheiro será destinado a outra demanda do Estado.

Por ser o único batalhão militar de polícia de fronteira do Brasil, merecia um pouco mais de atenção. Por se tratar da tríplice fronteira, por onde entram a maior parte das armas, munições, drogas e quinquilharias de todos os tipos para o Brasil, merecia mais consideração. Mas está atuando há quase seis anos em uma estrutura deficitária, o que impede a máxima eficiência dos servidores públicos.

Oferecer condições adequadas de trabalho é o mínimo que se pode fazer para que a polícia cumpra seu papel de proteger as pessoas e flagrar crimes comuns a essa região. Sem a sede própria de um batalhão, pensado e executado para suprir as demandas do BPFron, o trabalho fica comprometido.

No Brasil as coisas públicas sempre caminham a passos lentos. A promessa da sede não fugiria à regra. No entanto, o risco de perder o recurso liga o alerta da comunidade, apesar de agentes públicos garantirem que a obra vai ser feita. O cenário, de fato, merece atenção, especialmente por ser ano eleitoral, quando as coisas andam a passos mais lentos ainda. Quando será construída ainda é uma incógnita, o que se sabe até agora que ela está na berlinda e nem chegou no papel.

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