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Editorial

O Brasil não precisa de uma guerra

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Tem o de esquerda, tem o de direita, tem o que gosta de maçãs e também aquele que prefere tangerinas. Tem quem defenda o comércio fechado, tem quem defenda a abertura da economia. Há aqueles religiosos, aqueles que entendem que existe algo além da mera existência, mas há também quem acredite apenas na biologia para a passagem de um ser humano pela Terra. Há os veganos e aqueles que não dispensam a carne. E isso são apenas diferenças. Diferenças que precisam ser respeitadas.

Se você não compactua com uma ideia, afaste-se dela; há lugar para todos. E todos precisam ser respeitados.

A polarização do Brasil em torno da política e das diferentes visões sobre a Covid-19 tem sido cada vez mais evidente. Ela já existia, mas desde as eleições em 2018 e com a chegada do coronavírus evoluiu a um grau nunca visto na história recente do país. O povo ordeiro e acolhedor, características do brasileiro mundo afora, tem se tornado agressivo e demonstrado pouco afeto para quem pensa diferente. Vale ressaltar que não se trata de generalismo. Nem todas as pessoas do Brasil estão adoecendo com essa polarização.

Polarização que neste fim de semana se tornou tentativa de homicídio. Durante uma carreata em favor da reabertura do comércio em Curitiba, no último domingo (11), uma senhora de 73 anos foi atingida por frutas congeladas, jogadas do 13º andar de um prédio, atiradas por uma mulher de 53 anos que possivelmente não concordava com as demandas dos manifestantes. Ela foi levada para o hospital com ferimentos na cabeça.

Não concordar é uma coisa, jogar frutas congeladas de quase 40 metros de altura sobre pessoas nas calçadas é assumir a chance de matar alguém. Aliás, alguém que você nem conhece, que não lhe fez mal algum. Isso já está ridículo. A intolerância está deixando as pessoas sem noção da realidade, sem noção do que é a vida real em uma sociedade democrática.

O Brasil é um país em desenvolvimento, com uma democracia recente, que tem sérios problemas, como a falta de saneamento, a fome e a desigualdade social. Todavia, apesar de todas as mazelas do país, o brasileiro sempre foi conhecido por ser um povo unido, acolhedor e pacífico.

Mas tudo mudou de uns tempos pra cá. E onde a sociedade brasileira vai parar? Se a comunidade não parar com esse desrespeito um pelo outro, ampliado pelo ódio que escorre nas redes sociais, o Brasil irá de mal a pior. A paz e o bem-estar serão coisas cada vez mais raras.

O Brasil não precisa de uma guerra civil. O Brasil precisa de vacinas, o Brasil precisa trabalhar, o Brasil precisa se unir em torno de uma agenda clara de desenvolvimento social e econômico, o Brasil precisa e deve buscar a paz entre os brasileiros. E cabe a cada um fazer sua parte. Usar um pouco da educação que veio de casa nunca é demais. O que não se deve admitir é as palavras se tornarem agressões físicas e o país engatar marcha para um rumo desconhecido.

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